Holden Roberto apela à unidade para resolver problemas da FNLA
O presidente da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Álvaro Holden Roberto, defendeu hoje a necessidade de se encontrar uma "plataforma comum" que permita resolver os problemas do partido através do diálogo.
"Devemos encontrar uma plataforma comum para resolver os nossos problemas, através do diálogo, tendo em atenção os nossos valores tradicionais, que deixam de valer se forem substituídos por interesses materiais egoístas", afirmou Holden Roberto.
O líder histórico da FNLA discursava na abertura dos trabalhos do III Congresso do partido, que decorre até quinta-feira nos arredores da capital angolana com a presença de 1.380 delegados provenientes das 18 províncias do país e do estrangeiro.
Este congresso deverá marcar a reunificação interna da FNLA, na sequência do acordo assinado em finais de Abril entre Holden Roberto e Lucas Ngonda, que lideram as duas facções em que o partido está dividido há vários anos.
"Em vez de uma luta entre facções com visões diferentes, uma das quais estaria condenada a ficar desprovida de voz e consideração política, optamos por um modelo de associação em torno de objectivos e desígnios comuns para criar uma dinâmica efectiva de todas as nossas bases", afirmou Holden Roberto, numa alusão à preparação conjunta do 'congresso da reconciliação' entre elementos das duas facções.
Por outro lado, o líder histórico da FNLA defendeu que o partido, na actual fase pré-eleitoral, deve dar, não apenas um exemplo de unidade e renovação, mas também uma "contribuição positiva" para o processo eleitoral.
"Entendemos que será necessário encontrar junto de cada um dos partidos com assento parlamentar uma plataforma comum relativamente às tarefas a realizar antes das eleições, procurando encontrar com o partido no poder uma convergência real quanto ao cronograma de cada uma destas actividades", afirmou.
Nesse sentido, salientou que a FNLA "deve estar aberta na busca de um entendimento para obter consensos sobre uma agenda eleitoral que consagre as actividades fundamentais a desenvolver para que as eleições se concretizem".
"Temos que dar uma prova de abertura, para que os partidos e as organizações da sociedade civil não vejam a FNLA apenas como o velho movimento de libertação que lutou pela independência nacional, mas como um parceiro para consolidar o avanço democrático", referiu.
Para Holden Roberto, "os novos combates a travar são agora no domínio da mais justa distribuição dos recursos do país, da saúde e da educação", salientando que estas são as "traves mestras de uma governação que tem de preparar novas gerações para garantir o futuro".
No seu discurso, o líder da FNLA abordou também a questão de Cabinda, propondo "uma solução negocial e pacífica com base nos valores tradicionais e no espírito de reconciliação nacional".
Por seu lado, Lucas Ngonda, que vai disputar a liderança neste congresso com Holden Roberto, considerou que a reunião magna que hoje começou tem a "missão histórica de fazer uma nova leitura sobre a reconstrução de uma FNLA adaptada às actuais aspirações do povo de Angola".
"Esta FNLA, que foi uma pedra essencial para a libertação de Angola, deve continuar a ser aquela força política que se espera para a reconstrução de uma pátria onde todos os angolanos se sintam verdadeiramente livres", salientou Lucas Ngonda na cerimónia de abertura do congresso.
Para Ngonda, "a FNLA que se pretende reconstruir é uma força política que deve saber congregar no seu seio as diferenças de opiniões".
"O projecto político da FNLA deve ajudar o desenvolvimento de Angola e não constituir-se numa oligarquia de pessoas que se escondem por trás de privilégios históricos", frisou.
O III Congresso, que decorre à porta fechada nas instalações da Feira Internacional de Luanda, vai eleger quarta-feira o novo presidente do partido.
A liderança será disputada por Holden Roberto e Lucas Ngonda, o que motivou críticas de alguns militantes do partido, para quem a eleição para a presidência deveria ser aberta a outros candidatos.
A FNLA é a quarta maior força política angolana com representação parlamentar, possuindo cinco deputados na Assembleia Nacional.
Este partido foi um dos signatários, juntamente com o MPLA e a UNITA, dos Acordos de Alvor, que conduziram à independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975.