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Homem acusado de tentar matar Salman Rushdie condenado a 25 anos de prisão

por Inês Moreira Santos - RTP
Fabrizio Bensch - Reuters

Hadi Matar, o homem de 27 anos que esfaqueou o escritor Salman Rushdie em 2022, foi condenado a 25 anos de prisão na sexta-feira. De dupla nacionalidade libanesa e norte-americana, atacou o autor e símbolo da liberdade de expressão com uma faca durante uma conferência literária no norte do Estado de Nova Iorque.

O tribunal do condado de Chautauqua emitiu a sentença para Hadi Matar, esta sexta-feira, quase três meses após este ter sido condenado pela primeira vez por tentativa de homicídio em segundo grau.

Hadi Matar, que cresceu nos Estados Unidos mas tem nacionalidade libanesa, foi considerado culpado de tentativa de homicídio e agressão por um júri, após um julgamento de duas semanas no tribunal de Mayville, no norte do Estado de Nova Iorque.

No ataque de agosto de 2022, Salman Rushdie perdeu o olho direito e sofreu danos permanentes nos nervos da mão. O escritor não esteve em tribunal para ouvir a sentença do seu agressor, mas apresentou uma declaração de "impacto na vítima".

Antes de conhecer a sentença, Hadi Matar fez uma declaração alegando liberdade de expressão, na qual apelidou Salman Rushdie de hipócrita.

"Salman Rushdie quer desrespeitar as outras pessoas. Ele quer ser um 'bully', ele quer fazer 'bullying' sobre outros. Não concordo com isso"
, afirmou, citado pela AP.

Hadi Matar foi condenado à pena máxima de 25 anos pela tentativa de homicídio do escritor e a sete anos por ter ferido o moderador da palestra de Rushdie, Ralph Henry Reese, que estava no palco com ele.

De acordo com o procurador público Jason Schmidt, do condado de Chautauqua, onde aconteceu o ataque, as duas penas serão cumpridas em simultâneo, uma vez que ambas as vítimas ficaram feridas na mesma ocasião.

O agressor será ainda julgado num tribunal federal, por suspeitas de crimes de terrorismo, por alegadamente ter fornecido ajuda material à milícia xiita libanesa Hezbollah.

Antes de pedir a pena máxima de 25 anos, o procurador afirmou que Matar "escolheu" a situação na qual se encontra.

"Ele concebeu este ataque de forma a poder infligir o máximo de danos, não só ao Sr. Rushdie, mas a esta comunidade, às 1.400 pessoas que estavam lá para assistir", defendeu Jason Schmidt.

O escritor, de 77 anos foi a testemunha principal do caso, tendo durante o julgamento descrito como acreditou que estava a morrer, quando um homem mascarado lhe espetou uma faca na cabeça e no corpo mais de uma dúzia de vezes.

Nascido em Bombaim, em 1947, Salman Rushdie é autor de romances, contos para a juventude e ensaios, e recebeu em 1981 o Prémio Booker pelo livro “Os filhos da Meia-Noite”. O escritor mexeu parte do mundo muçulmano com a publicação da obra “Versículos Satânicos”, em 1988, que levou o fundador da República Islâmica, o aiatola Ruhollah Khomeini, a emitir uma ‘fatwa’ a ordenar a sua morte.

O Irão ofereceu, na altura, uma recompensa de três milhões de dólares a qualquer pessoa que assassinasse Rushdie. O Governo iraniano há muito que se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permanece.

Depois disso, o escritor passou anos escondido e com proteção policial, mas regressou gradualmente à vida pública depois de, em 1998, o governo iraniano se ter distanciado da ordem, afirmando que não apoiaria qualquer tentativa de o matar, embora a 'fatwa' nunca tenha sido oficialmente revogada.

C/agências
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