Homem do Reino Unido é o segundo curado do HIV

Adam Castillejo tornou-se a segunda pessoa curada do HIV. Está livre do vírus há dois anos. De acordo com um estudo publicado na revista The Lancet HIV, isto aconteceu após ter terminado a terapia antirretroviral e já não ter necessidade de medicamentos.

RTP /
Reuters

O homem de Londres foi submetido a um transplante de células estaminais utilizado para tratar casos de linfoma. O doador possuía uma mutação conhecida como CCR5-delta 32, que o tornava resistente ao vírus da Sida.

Em 2011, Timothy Brown, o “paciente de Berlim” tornou-se a primeira pessoa curada do vírus da sida, três anos e meio depois de ter realizado um tratamento semelhante.

O HIV é um vírus que ataca o sistema imunológico do corpo e pode trazer consequências significativas à saúde do infetado. Não existe cura disponível. No entanto, o vírus é tratável com uma combinação de medicamentos conhecidos como terapia antirretroviral que reduz a quantidade de vírus no sangue.

“As nossas descobertas mostraram que o sucesso do transplante de células estaminais como cura para o HIV, relatado pela primeira vez há nove anos no paciente de Berlim, pode ser replicado”, afirmou Ravindra Gupta, principal autor do estudo.Segundo os autores do estudo, este homem representa “um passo em direção a uma abordagem de tratamento menos intensiva”.


Ao contrário do que aconteceu com o “paciente de Berlim”, Castillejo foi submetido apenas a um transplante em vez de dois. Além disso, não fez radioterapia como parte do seu tratamento.

Apesar disso, os autores alertaram para o uso amplo deste tratamento, dada a natureza invasiva do tratamento experimental.

“É importante observar que este tratamento é de alto risco e usado apenas como último recurso para os pacientes com HIV que também têm neoplasias hematológicas com risco de vida”, explicou o Gupta, acrescentando que “este não é um tratamento que seria oferecido a pacientes com HIV que estejam em tratamento antirretroviral bem-sucedido”.

Como este ainda é apenas o segundo paciente a passar por este tratamento experimental com sucesso, os autores alertaram que irá necessitar de “um monitoramento contínuo, mas menos frequente, para reemergência do vírus”.

Em entrevista ao New York Times, Castillejo disse que decidiu revelar sua identidade “após anos de tratamentos difíceis e momentos de desespero.

“Esta é uma posição única para se estar, uma posição única e muito humilhante”, disse Castillejo. “Quero ser um embaixador da esperança”, finalizou.

Kat Smithson, diretora de políticas do National AIDS Trust, congratulou o homem por compartilhar a sua experiência, referindo que existe um estigma em torno do HIV que pode dificultar a procura de ajuda por parte de algumas pessoas.

“A história dele ajuda a aumentar a consciencialização necessária sobre o HIV, mas mais ampla do que isso, é uma história sobre a incrível resiliência, determinação e esperança", afirmou Smithson.
Como funciona este tratamento?
O CCR5 é o recetor mais usado pelo HIV-1, a estirpe viral do HIV, para entrar nas células. Contudo, um número muito pequeno de pessoas que são resistentes ao HIV, uma vez que este possuiu duas cópias mutadas do recetor CCR5.

Isto significa que o vírus não pode atravessar as células do corpo que normalmente infeta. Os investigadores dizem que pode ser possível utilizar uma terapia genética para atingir o recetor CCR5 em pessoas com HIV.

Este foi mesmo recetor que o cientista chinês He Jiankui utilizou quando criou os primeiros bebés modificados geneticamente no mundo.
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