HRW classifica como "desastre" megaoperação contra Comando Vermelho no Rio de Janeiro

A Human Rights Watch (HRW) classificou como um "desastre" a operação policial em favelas do Rio de Janeiro que causou hoje pelo menos 64 mortes, pedindo que cada uma destas seja investigada pelo Ministério Público.

Lusa /

"Uma operação policial que resulta na morte de mais de 60 moradores e polícias é uma enorme tragédia", afirmou o diretor da HRW no Brasil, César Muñoz, numa declaração escrita enviada à agência espanhola Efe.

Segundo Muñoz, o Ministério Público deve lançar investigações próprias para esclarecer cada uma das mortes registadas na operação, que decorre nos complexos da Penha e do Alemão, dois populosos conjuntos de favelas na zona Norte do Rio de Janeiro.

Pediu ainda para apurar "o planeamento e as decisões que levaram a uma operação que foi um desastre".

"A sucessão de operações letais que não resultam em maior segurança para a população, mas que na verdade geram insegurança, revela o fracasso das políticas do Rio de Janeiro", afirmou Muñoz.

Para Muñoz, o Rio de Janeiro, a cidade mais turística do Brasil, precisa de uma nova política de segurança pública que "deixe de promover confrontos que vitimizam moradores e polícias".

"Em vez disso, deveria envolver as próprias comunidades e outros atores sociais na busca da paz, e basear o trabalho policial em dados precisos sobre a atividade criminosa, priorizando a investigação e a inteligência", acrescentou.

Cerca de 2.500 polícias realizam, desde a madrugada, uma megaoperação nas comunidades que compõem os complexos de favelas da Penha e do Alemão, destinada a prender os líderes da organização.

Segundo o último balanço, na operação morreram 64 pessoas, incluindo quatro polícias, e foram detidos 81 alegados membros da organização criminosa, à qual foram apreendidos 93 espingardas e "enormes" quantidades de droga.

Esta já é a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.

O Comando Vermelho dedica-se principalmente ao tráfico de drogas e de armas, e o seu centro de operações situa-se no estado do Rio de Janeiro, onde controla algumas comunidades da cidade, embora tenha presença em grande parte do país, especialmente na região da Amazónia.

A organização nasceu na década de 1980, quando a ditadura militar concentrou nas mesmas prisões delinquentes comuns e membros de grupos de guerrilha com formação política e até militar.

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