Hubble parcialmente cego devido a “shutdown” económico

por Nuno Patrício - RTP
O telescópio Hubble pode morrer mais depressa por falta de verbas. Foto: NASA/DR

A agência espacial norte-americana NASA deu a conhecer esta semana um problema no sistema de hardware do "Hubble" que deixou inoperacional a câmara principal do Telescópio Espacial. Um problema que não vai ser resolvido assim tão depressa devido à falta de operacionais resultante do shutdown económico norte-americano.

De acordo com a NASA, o problema da Wide Field Camera 3 ocorreu no dia 8 de janeiro, às 17h23 GMT, mas a agência pouco mais adiantou sobre a falha. No comunicado pode ler-se que o problema tem a ver com o hardware, mas que o sistema está capacitado com componentes eletrónicas redundantes que podem ser usadas para fazer o instrumento funcionar novamente.


A grande questão é quando o problema poderá ser resolvido, isto porque a NASA, assim como outras agências do governo federal norte-americano, está parcialmente paralisada desde 22 de dezembro, devido ao impasse financeiro designado por Shutdown criado entre o Congresso e o presidente Donald Trump.

Thomas Zurbuchen, diretor da missão científica da NASA, fez saber no Twitter que nada nos sistemas e missões científicas se resolve individualmente e escreve. "É quando todos somos lembrados de dois aspetos cruciais da exploração espacial: 1) sistemas complexos como o @NASAHubble só funcionam devido a uma equipa dedicada de especialistas; 2) todos os sistemas espaciais têm vida útil finita e tais problemas ocorrem de tempos a tempos."


Hubble  - um grande olho espacial
Lançado em abril de 1990, o telescópio espacial Hubble já deveria estar reformado e substituído por um novo e grande telescópio de nome James Weeb Space Telescope (JWST). Mas devido às constantes restrições financeiras, bem como a prioridades para outras missões, a missão do Hubble tem vindo a ser prolongada.
Uma operação de recuperação e manutenção do Hubble está já fora de questão por parte da NASA, visto que grande parte dos instrumentos utilizados estão desatualizados e o novo JWST está praticamente pronto para ser lançado.

Com um custo inicial de 1,5 mil milhões de dólares, em 1990, isto sem o preço das cinco missões de manutenção entretanto realizadas, os instrumentos instalados no Hubble têm-se mostrado incansáveis, revelando ao mundo imagens únicas que enriqueceram o conhecimento científico sobre o universo que nos rodeia.

O problema que agora se apresenta nos sistema da Wide Field Camera 3 foi instalado numa das missões, ainda durante a utilização do vaivém espacial, agora inativo.

Uma tentativa por parte do pessoal instalado na Estação Espacial Internacional também não é passível de ser feita, por o Hubble estar numa órbita muito afastada (altitude) da EEI. Razão pela qual, desde 2011, o telescópio se tem degradado.

De acordo com a equipa que gere o telescópio, do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, o Hubble transporta três outras câmaras ativas - a Advanced Camera for Surveys (ACS), o Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS) e o Espectrógrafo de Origens Cósmicas (COS) - que continuam a trabalhar, mesmo com a Wide Field Camera 3 desligada.

Depois de vários problemas ao longo da vida – quase 30 anos - lentes defeituosas, giroscópios avariados, painéis solares inoperacionais, a falha na WFC 3 é sinónimo da profunda degradação deste marco cientifico humano que será sempre recordado como o primeiro grande olho espacial que revelou os Pilares da [nossa] Criação.


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