Human Rights Watch acusa Israel de crimes de guerra no sul sírio

A organização Human Rights Watch (HRW) acusou hoje Israel de "crimes de guerra" ao deslocar à força habitantes no sul da Síria, zona que as autoridades israelitas pretendem ver desmilitarizada.

Lusa /

"As forças israelitas que ocupam algumas partes do sul da Síria desde dezembro de 2024 cometeram abusos contra os habitantes, incluindo deslocações forçadas, que constituem um crime de guerra", afirmou a HRW, com sede em Nova Iorque, num comunicado.

Desde a queda do regime do Presidente Bashar al-Assad, a 08 de dezembro de 2024, Israel realizou centenas de ataques a posições militares na vizinha Síria, alegando querer impedir que o arsenal sírio caísse nas mãos das novas autoridades islamistas.

O Exército israelita entrou também na zona tampão desmilitarizada dos Montes Golã, junto à parte do planalto sírio ocupada por Israel, e as suas forças realizam regularmente incursões no sul da Síria, onde ocupam posições.

A HRW indicou que as forças israelitas "apreenderam e demoliram casas, impediram habitantes de aceder aos seus bens e meios de subsistência e detiveram arbitrariamente residentes para os transferir para Israel".

A organização não-governamental referiu ter conduzido entrevistas com habitantes, analisado imagens e examinado fotografias de satélite para corroborar os testemunhos recolhidos.

Na manhã de hoje, a televisão estatal síria anunciou que forças israelitas capturaram quatro homens em aldeias situadas dentro e nas imediações da zona tampão da província meridional de Quneitra, sudoeste da Síria, "durante uma operação de varrimento".

No início deste mês, os meios de comunicação oficiais já tinham afirmado que Israel capturara sete pessoas na mesma região, tendo o Exército israelita declarado que os indivíduos eram "suspeitos de atividades terroristas" e que tinham sido transferidos para Israel para interrogatório.

Questionado pela HRW, o Exército israelita afirmou que opera no sul da Síria "para proteger os cidadãos israelitas" e que as ações estão "em conformidade com o direito internacional".

Na terça-feira, a Síria declarou estar a trabalhar com os Estados Unidos tendo em vista um "acordo de segurança" com Israel.

O anúncio insere-se num plano apoiado pelos Estados Unidos e pela Jordânia destinado a pacificar o sul do país, após as mortíferas violências intercomunitárias registadas em julho na região drusa de Sweida.

Israel interveio militarmente alegando atuar para proteger a comunidade drusa.

Um responsável militar sírio indicou na terça-feira que as forças sírias retiraram as suas armas pesadas do sul do país.

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