Mundo
Human Rights Watch lamenta que Sharon nunca tenha sido julgado
Sarah Leah Whitson, directora para o Norte de África do mais conhecido observatório de direitos humanos, publicou no site da organização um artigo muito crítico sobre o elogio fúnebre que o secretário-geral da ONU dedicou a Ariel Sharon. Whitson recorda, pelo contrário, a responsabilidade de Sharon nos massacres de Sabra e Chatila e lamenta que ele nunca tenha respondido em tribunal por crimes de guerra.
Em artigo publicado no site de Human Rights Watch (HRW), Whitson afirma que o elogio fúnebre dirigido a Sharon por Ban Ki-Monn "surpreendeu muitos que lutam pela paz". Nesse elogio, o secretário-geral da ONU enaltecia a "coragem" de Sharon ao pôr fim, em 2005, à ocupação directa da Faixa de Gaza por forças israelitas.
Para Whitson, a retirada de Gaza não anula a sua, de Sharon, "política pró-colonatos, virulentamente anti-palestiniana". A activista de direitos humanos recorda a alcunha de Sharon como "pai dos colonatos" e lembra que, apesar de ter evacuado 21 colonatos em Gaza e quatro na Margem Ocidental do Jordão, Sharon aumentou, no mesmo período à frente do Governo, entre 2001 e 2006, de 388.000 a 461.000 o número de global de colonos em territórios palestinianos ocupados.
Segundo Whitson "a herança de Sharon é profundamente perturbadora. Ele foi para a cova sem responder perante a Justiça pelas coisas terríveis que fez". Entre essas refere a "grave violação das Convenções de Genebra e potencial crime de guerra" que constituem as transferências de cidadãos israelitas para territórios ocupados, bem como a "barreira de separação" iniciada sob a autoridade de Sharon, e que é "um monumento à violações de direitos humanos".
Mas o pior de tudo ainda é, segundo Whitson, a impunidade de Sharon "pelas matanças de civis em que esteve implicado: um facto que não merece elogio, e sim infâmia". E recorda, concretamente, o papel de Sharon em propiciar o massacre de pelo menos 2.000 civis palestinianos nos campos de refugiados palestinianos de Sabra e Chatila, no Lìbano, e, 15 de Setembro de 1982.
O então ministro da Defesa israelita procurou justificar-se apontando o dedo aos aliados falangistas de Israel, que foram verdadeiramente os perpetradores dos massacres. Mas também ficou estabelecido, sem margem para dúvidas, o facto de ter sido o Exército israelita a fazer entrar os entrarentraros falangistas nos dois campos de refugiados. Forças israelitas colocadas nos acessos aos campos aí permaneceram, esperando simplesmente que o massacre estivesse concluído e recusaram-se a atender aos pedidos de socorro de mulheres palestinianas que a elas se dirigiram.
Amos Oz, sobre as justificações de Sharon:
"Quem convida o estripador de Yorkshire a passar duas noites num orfanato de meninas não pode depois alegar, ao ver os cadáveres amontoados, que tinha combinado com ele que apenas lavaria a cabeça das miúdas".
A activista de direitos humanos recorda também que em
Fevereiro de 1983, a Comissão Kahan, constituída por peritos israelitas, recomendou a demissão de Sharon do cargo de ministro da Defesa devido à sua cumplicidade com os massacres. E acrescenta que, embora Sharon tenha renunciado ao cargo, manteve um lugar no Governo como ministro sem pasta e permaneceu até ao fim da vida impune pelo maior crime contra a humanidade já cometido sobre civis palestinianos.
Décadas de impunidadeVisto que nenhum tribunal israelita processou Sharon pelos dois massacres, um tribunal belga aceitou em 2001 constituí-lo arguido, ao abrigo do princípio de "jurisdição universal" - que permite processar em qualquer parte do mundo os responsáveis de crimes contra a humanidade que não tenham sido chamados a prestar contas no lugar em que foi cometido o crime.
Whitson explica depois a capitulação do tribunal belga com o testemunho de um colega: "A pressão política dos Estados Unidos e de Israel não se parecia 'com nada que eu alguma vez tenha visto'". Daí resultou que o parlamento belga emendasse a lei em Abril de 2003 e que o Supremo Tribunal belga encerrasse o processo em Setembro do mesmo ano.
A directora de HRW conclui recordando "o registo dele como homem que levou a devastação e a destruição às vidas de milhares de palestinianos, sem nunca enfrentar justiça pelos seus crimes, e cuja política mina os esforços para conseguir a paz entre Israel e os palestinianos".
Para Whitson, a retirada de Gaza não anula a sua, de Sharon, "política pró-colonatos, virulentamente anti-palestiniana". A activista de direitos humanos recorda a alcunha de Sharon como "pai dos colonatos" e lembra que, apesar de ter evacuado 21 colonatos em Gaza e quatro na Margem Ocidental do Jordão, Sharon aumentou, no mesmo período à frente do Governo, entre 2001 e 2006, de 388.000 a 461.000 o número de global de colonos em territórios palestinianos ocupados.
Segundo Whitson "a herança de Sharon é profundamente perturbadora. Ele foi para a cova sem responder perante a Justiça pelas coisas terríveis que fez". Entre essas refere a "grave violação das Convenções de Genebra e potencial crime de guerra" que constituem as transferências de cidadãos israelitas para territórios ocupados, bem como a "barreira de separação" iniciada sob a autoridade de Sharon, e que é "um monumento à violações de direitos humanos".
Mas o pior de tudo ainda é, segundo Whitson, a impunidade de Sharon "pelas matanças de civis em que esteve implicado: um facto que não merece elogio, e sim infâmia". E recorda, concretamente, o papel de Sharon em propiciar o massacre de pelo menos 2.000 civis palestinianos nos campos de refugiados palestinianos de Sabra e Chatila, no Lìbano, e, 15 de Setembro de 1982.
O então ministro da Defesa israelita procurou justificar-se apontando o dedo aos aliados falangistas de Israel, que foram verdadeiramente os perpetradores dos massacres. Mas também ficou estabelecido, sem margem para dúvidas, o facto de ter sido o Exército israelita a fazer entrar os entrarentraros falangistas nos dois campos de refugiados. Forças israelitas colocadas nos acessos aos campos aí permaneceram, esperando simplesmente que o massacre estivesse concluído e recusaram-se a atender aos pedidos de socorro de mulheres palestinianas que a elas se dirigiram.
Amos Oz, sobre as justificações de Sharon:
"Quem convida o estripador de Yorkshire a passar duas noites num orfanato de meninas não pode depois alegar, ao ver os cadáveres amontoados, que tinha combinado com ele que apenas lavaria a cabeça das miúdas".
A activista de direitos humanos recorda também que em
Fevereiro de 1983, a Comissão Kahan, constituída por peritos israelitas, recomendou a demissão de Sharon do cargo de ministro da Defesa devido à sua cumplicidade com os massacres. E acrescenta que, embora Sharon tenha renunciado ao cargo, manteve um lugar no Governo como ministro sem pasta e permaneceu até ao fim da vida impune pelo maior crime contra a humanidade já cometido sobre civis palestinianos.
Décadas de impunidadeVisto que nenhum tribunal israelita processou Sharon pelos dois massacres, um tribunal belga aceitou em 2001 constituí-lo arguido, ao abrigo do princípio de "jurisdição universal" - que permite processar em qualquer parte do mundo os responsáveis de crimes contra a humanidade que não tenham sido chamados a prestar contas no lugar em que foi cometido o crime.
Whitson explica depois a capitulação do tribunal belga com o testemunho de um colega: "A pressão política dos Estados Unidos e de Israel não se parecia 'com nada que eu alguma vez tenha visto'". Daí resultou que o parlamento belga emendasse a lei em Abril de 2003 e que o Supremo Tribunal belga encerrasse o processo em Setembro do mesmo ano.
A directora de HRW conclui recordando "o registo dele como homem que levou a devastação e a destruição às vidas de milhares de palestinianos, sem nunca enfrentar justiça pelos seus crimes, e cuja política mina os esforços para conseguir a paz entre Israel e os palestinianos".