Uma publicidade da Coca-Cola que promove a tolerância para com homossexuais está a ser boicotada na Hungria pelo partido no poder, o Fidesz de Viktor Orbán. O Fidesz, que se assume contra o casamento de casais do mesmo sexo, afirma que os cartazes fazem parte de uma campanha "provocadora".
Hungria. Boicotada publicidade da Coca-Cola que promove tolerância homossexual
"Zero açúcares, zero preconceitos". Assim diziam os cartazes da multinacional Coca-Cola.
Os cartazes fazem parte de uma parceria com um festival de música em Budapeste, o Sziget, que está a promover um evento, a "Love Revolution" ["Revolução do amor"].
Por sua vez, o evento, que começará na quarta-feira, contará com a presença de discursos e pequenas performances que retratam diversos assuntos sociais, como a violência doméstica, a pobreza e os direitos da comunidade LGBTQI.
Em conjunto com o festival, a Coca-Cola apresentou cartazes para promover a tolerância, com imagens de casais homossexuais a sorrir e com slogans como "Zero açúcares, zero preconceitos".
Contudo, alguns membros do partido conservador no poder pediram um boicote à empresa de bebidas.
No domingo passado, um porta-voz do partido, István Boldog, pediu um boicote aos produtos da Coca-Cola, afirmando que a campanha levada a cabo era "provocadora".
O Fidesz assume-se contra o casamento por casais do mesmo sexo, afirmando querer defender as tradições cristãs europeias. Insurge-se também contra os imigrantes, admitindo querer promover uma "homogeneidade étnica".
Este ano, o presidente do Parlamento húngaro disse que a adoção por casais do mesmo sexo era "pedofilia num sentido moral".
Hungria "baseada em valores tradicionais"
Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro afirmou que a Hungria "é baseada em valores tradicionais".
"A Hungria é uma nação tolerante. Tolerância, no entanto, não significa que aplicamos as mesmas regras às pessoas cujos estilos de vida sejam diferentes dos nossos. Nós diferenciamos entre nós e eles".
Porém, a tolerância no país está a aumentar. Segundo a organização Háttér, dois terços da população húngara acreditam que os homossexuais devem viver livremente. Em 2002, o valor era menor – menos de metade da população.
Viktor Orbán respondeu ao boicote proposto por membros do partido, dizendo que os húngaros eram livres para escolher se querem beber Coca-Cola.