Hungria fecha portas ao envio de armas da NATO para a Ucrânia

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, assinou um decreto esta segunda-feira que veda o uso de território húngaro para o transporte de armas para a Ucrânia. O documento permite, por outro lado, o envio de tropas da Aliança Atlântica para o oeste da Hungria.

RTP /
Bernadett Szabo - Reuters

Apesar de a União Europeia ter anunciado que vai financiar a compra e entrega de armas e equipamento militar à Ucrânia, a Hungria (membro da NATO desde 1999 e da UE desde 2004) já declarou que não ajudará na logística de envio de armas para Kiev.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, assinou um decreto que “deixa claro que nenhum carregamento de armas pode ser transportado do território da Hungria para território da Ucrânia”.

De acordo com o decreto, publicado no diário oficial esta segunda-feira, o Governo permite o transporte de equipamentos militares e de armas para outros Estados-membros da NATO através do território húngaro, mas não autoriza o transporte direto do mesmo equipamento através da fronteira húngaro-ucraniana, por via terrestre ou aérea.

Orbán justifica a sua decisão com a necessidade de zelar pela segurança do seu país e de manter a Hungria “fora da guerra”. No domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto, afirmou que o principal objetivo do Governo era “impedir que a Hungria entrasse na guerra”.

“Para isso, resistimos à pressão e às exigências da oposição: não enviaremos soldados nem armas para a Ucrânia, nem permitiremos o transporte de armas letais no nosso território”, escreveu Szijarto na sua conta da rede social Facebook.

No mês passado, Peter Szijjarto explicou que permitir o transporte de armas para a Ucrânia colocaria em risco “a segurança da Hungria e da comunidade húngara na Transcarpácia”, referindo-se a uma região no oeste da Ucrânia.

“A razão para a tomada desta decisão é que esse transporte [de armas] pode tornar-se alvo de ações militares hostis”, acrescentou.
Luz verde ao envio de tropas da NATO para a Hungria
O mesmo decreto autoriza também que tropas da NATO sejam enviadas para a Hungria e fiquem estacionadas na região oeste do país.


Esta medida representa uma mudança de política, depois de a Hungria ter afirmado em fevereiro que não aceitaria o envio de mais tropas da NATO para o seu território, alegando ter recursos militares suficientes para garantir a segurança do país.

Orbán descreve como “preocupante” a aproximação da ofensiva militar da fronteira húngara e disse estar “preparado” para acolher os refugiados, que deverão aumentar nos próximos dias. Até ao momento, mais de 180 mil pessoas fugiram da Ucrânia para a vizinha Hungria.

Apesar da relação estreita com Moscovo na última década, o Governo de Orbán condenou a invasão russa da Ucrânia e concordou com as sanções da UE contra a Rússia. Orbán, que noutras situações, nomeadamente em questões ligadas ao Estado de direito e Direitos Humanos, enfrentou a União Europeia, desta vez afirmou que não irá bloquear nenhuma medida e que é altura de os 27 estarem unidos.

Os chefes de governo da Hungria, Polónia, Eslováquia e República Checa - países que compõem o chamado Grupo de Visegrado – vão reunir-se na terça-feira em Londres para negociar possíveis soluções para a guerra entre Rússia e Ucrânia.

“Vamos esforçar-nos para restaurar a paz [na Ucrânia], pelo que os chefes de governo do grupo de Visegrado vão negociar amanhã [na terça-feira] em Londres” e, a partir de quinta-feira, em Paris com os demais líderes da União Europeia, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, num vídeo divulgado esta segunda-feira no Facebook.

Embora não tenha especificado no vídeo com quem Orbán e os seus três colegas da Europa Central vão conversar em Londres, as negociações deverão decorrer com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, constituindo uma iniciativa que visa aumentar a pressão sobre a Rússia.

c/agências
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