Mundo
Iémen. Separatistas reclamam controlo do sul do país
O Conselho de Transição do Sul, movimento separatista do Iémen, anunciou na terça-feira o controlo de todo o sul do país, incluindo Aden, a base do governo nacional. Os separatistas afirmam ainda que os membros do Governo e o exército saudita abandonaram o território.
A operação “Futuro Promissor” lançada pelo Conselho de Transição do Sul terá resultado no controlo das oito províncias do sul, de acordo com oficial do movimento, Amr al-Bidh.
“Os oito governatos do sul estão sobre a proteção das Forças Armadas do Sul”, afirmou o oficial à agência Reuters, que adianta como principal preocupação “unificar o teatro operacional das nossas forças armadas para aprimorar a coordenação e a preparação para reforçar a estabilidade e a segurança no sul”, prometendo também combater os Houthis.
Alguns dos membros do Conselho de Liderança Principal – órgão executivo de oito membros que atua como presidência coletiva do Estado -, como o primeiro-ministro, Salem Saleh Bin Braik, abandonaram Aden, apesar de não ter sido emitida ordem de evacuação. As forças militares sauditas estacionadas em Aden também terão abandonado o território.
O Conselho de Transição do Sul realizou, nas últimas semanas, avanços significativos no governato de Hadramaute, que faz fronteira com a Arábia Saudita, e que inclui importantes instalações energéticas e petrolíferas, como a PetroMasila, a maior empresa de petróleo do país.
Em Riade, na Arábia Saudita, o presidente do governo nacional, Rashad al-Alimi, rejeitou “quaisquer medidas unilaterais que possam por em causa o estatuto legal do Estado, prejudicar o interesse público ou criar uma realidade paralela”.Os “primeiros passos” para a secessão
O desejo de restaurar o Iémen do Sul, que se uniu com o Iémen do Norte em 1990, é um dos objetivos do Conselho de Transição do Sul. Esta terça-feira, o presidente Aidarus al-Zoubaidi realizou uma reunião com os membros da presidência e outros líderes do movimento.
Segundo comunicado publicado no seu site oficial, a próxima fase “será de trabalho intenso para construir as instituições do futuro Estado da Arábia do Sul sobre bases modernas que garantam eficiência, transparência e participação da comunidade”, tendo agradecido aos Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita pelo apoio dado ao movimento.
De acordo com o movimento, a reclamação de controlo do sul do país tem tido muita adesão popular, tendo população saído às ruas para “exigir a declaração do Estado da Arábia do Sul”.
A população montou acampamentos em Aden e Hadramaute, “a expressar o seu apoio ao Conselho de Transição do Sul e às Forças Armadas do Sul, e enfatizando que a restauração do Estado do Sul é uma reivindicação nacional firmemente estabelecida”.
O movimento também avança em comunicado na sua página oficial que lançou uma “campanha abrangente para hastear a bandeira nacional da Arábia do Sul em todas as escolas, prédios governamentais e administrativos do distrito e seus arredores”, algo que afirmam representar “a profundidade do sentimento de pertencimento nacional e é uma mensagem de lealdade aos heróis das Forças Armadas do Sul”.
A bandeira da Arábia do Sul já foi hasteada esta terça-feira em escolas e colégios de Mukalla, capital do governato de Hadramaute.
Iémen dividido depois de 35 anos?
Com os Houthis a controlar o norte e o Conselho de Transição no sul, o país pode estar perto da desintegração. O Iémen apenas é unificado desde 1990, e conta com dois governos nacionais concorrentes: o Conselho de Liderança Principal e o Conselho Político Supremo, liderado pelos Houthis, apoiados pelo Irão.
O país vive uma guerra civil desde setembro de 2014, quando os islamitas Houthis, apoiados pelo Irão, conquistaram a capital Sanaa, tendo depois expandido o seu controlo ao sul do Iémen. O conflito já matou um número estimado de 377 mil pessoas, naquele que constitui um dos piores desastres humanitários do mundo.
Em 2015, a Arábia Saudita entrou no conflito, para combater os Houthis, tendo, a parir da fundação do Conselho de Transição do Sul, em 2017, engajado num microconflito, desta vez apoiando a fação nacional do presidente Abdrabbuh Mansour Hadi, contra o conselho separatista do sul, apoiado pelos Emirados Árabes Unidos. Apesar do apoio, os Emirados apelaram, num comunicado, que “a governação e a integridade territorial do Iémen é um assunto que deve ser determinado pelas partes iemenitas”.
O Conselho de Transição do Sul faz parte do Conselho de Liderança Principal, desde 2022, com o presidente, Aidarus al-Zoubaidi, a exercer a função de vice-presidente da liderança nacional.
Em setembro, al-Zoubaidi declarou que o sul do Iémen estaria preparado para anunciar a independência “a qualquer altura”, mas habilita-se a perder apoio da Arábia Saudita, que já se materializou no fecho do espaço aéreo iemenita na segunda-feira.
“Os oito governatos do sul estão sobre a proteção das Forças Armadas do Sul”, afirmou o oficial à agência Reuters, que adianta como principal preocupação “unificar o teatro operacional das nossas forças armadas para aprimorar a coordenação e a preparação para reforçar a estabilidade e a segurança no sul”, prometendo também combater os Houthis.
Alguns dos membros do Conselho de Liderança Principal – órgão executivo de oito membros que atua como presidência coletiva do Estado -, como o primeiro-ministro, Salem Saleh Bin Braik, abandonaram Aden, apesar de não ter sido emitida ordem de evacuação. As forças militares sauditas estacionadas em Aden também terão abandonado o território.
O Conselho de Transição do Sul realizou, nas últimas semanas, avanços significativos no governato de Hadramaute, que faz fronteira com a Arábia Saudita, e que inclui importantes instalações energéticas e petrolíferas, como a PetroMasila, a maior empresa de petróleo do país.
Em Riade, na Arábia Saudita, o presidente do governo nacional, Rashad al-Alimi, rejeitou “quaisquer medidas unilaterais que possam por em causa o estatuto legal do Estado, prejudicar o interesse público ou criar uma realidade paralela”.Os “primeiros passos” para a secessão
O desejo de restaurar o Iémen do Sul, que se uniu com o Iémen do Norte em 1990, é um dos objetivos do Conselho de Transição do Sul. Esta terça-feira, o presidente Aidarus al-Zoubaidi realizou uma reunião com os membros da presidência e outros líderes do movimento.
Segundo comunicado publicado no seu site oficial, a próxima fase “será de trabalho intenso para construir as instituições do futuro Estado da Arábia do Sul sobre bases modernas que garantam eficiência, transparência e participação da comunidade”, tendo agradecido aos Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita pelo apoio dado ao movimento.
De acordo com o movimento, a reclamação de controlo do sul do país tem tido muita adesão popular, tendo população saído às ruas para “exigir a declaração do Estado da Arábia do Sul”.
A população montou acampamentos em Aden e Hadramaute, “a expressar o seu apoio ao Conselho de Transição do Sul e às Forças Armadas do Sul, e enfatizando que a restauração do Estado do Sul é uma reivindicação nacional firmemente estabelecida”.
O movimento também avança em comunicado na sua página oficial que lançou uma “campanha abrangente para hastear a bandeira nacional da Arábia do Sul em todas as escolas, prédios governamentais e administrativos do distrito e seus arredores”, algo que afirmam representar “a profundidade do sentimento de pertencimento nacional e é uma mensagem de lealdade aos heróis das Forças Armadas do Sul”.
A bandeira da Arábia do Sul já foi hasteada esta terça-feira em escolas e colégios de Mukalla, capital do governato de Hadramaute.
Iémen dividido depois de 35 anos?
Com os Houthis a controlar o norte e o Conselho de Transição no sul, o país pode estar perto da desintegração. O Iémen apenas é unificado desde 1990, e conta com dois governos nacionais concorrentes: o Conselho de Liderança Principal e o Conselho Político Supremo, liderado pelos Houthis, apoiados pelo Irão.
O país vive uma guerra civil desde setembro de 2014, quando os islamitas Houthis, apoiados pelo Irão, conquistaram a capital Sanaa, tendo depois expandido o seu controlo ao sul do Iémen. O conflito já matou um número estimado de 377 mil pessoas, naquele que constitui um dos piores desastres humanitários do mundo.
Em 2015, a Arábia Saudita entrou no conflito, para combater os Houthis, tendo, a parir da fundação do Conselho de Transição do Sul, em 2017, engajado num microconflito, desta vez apoiando a fação nacional do presidente Abdrabbuh Mansour Hadi, contra o conselho separatista do sul, apoiado pelos Emirados Árabes Unidos. Apesar do apoio, os Emirados apelaram, num comunicado, que “a governação e a integridade territorial do Iémen é um assunto que deve ser determinado pelas partes iemenitas”.
O Conselho de Transição do Sul faz parte do Conselho de Liderança Principal, desde 2022, com o presidente, Aidarus al-Zoubaidi, a exercer a função de vice-presidente da liderança nacional.
Em setembro, al-Zoubaidi declarou que o sul do Iémen estaria preparado para anunciar a independência “a qualquer altura”, mas habilita-se a perder apoio da Arábia Saudita, que já se materializou no fecho do espaço aéreo iemenita na segunda-feira.