Incêndio matou 18 mil vacas no Texas. Carcaças ameaçam aquíferos

Uma explosão seguida de incêndio matou cerca de 18 mil vacas leiteiras numa propriedade nos Estados Unidos. As entidades sanitárias e o proprietário têm agora em mãos a tarefa de eliminar as carcaças dos animais sem afetar os aquíferos das proximidades.

Carla Quirino - RTP /
Castro County Emergency Management/Local News X/TMX/via Reuters

As mortes de 18 mil vacas na explosão ocorrida numa herdade de laticínios do oeste do Estado norte-americano do Texas é já considerada a maior matança de gado de sempre provocada por um incêndio.

O incidente na propriedade South Fork Dairy, perto de Dimmitt, deixou uma funcionária gravemente ferida, que foi transportada de helicóptero para o hospital em Lubbock.

A extensão e as consequências deste desastre, ocorrido na semana passada, fopram descritas em comunicado do comissário de Agricultura do Texas, Sid Miller, que sublinhou que é "o incêndio em celeiro mais mortal para o gado na história do Texas".


A herdade está localizada num dos maiores condados produtores de leite do Estado texano | Reuters

A causa exata da explosão ainda está a ser investigada, mas as autoridades suspeitam que o incêndio terá sido originado por equipamentos superaquecidos.

"A causa do incêndio continua sob investigação e todos queremos saber quais são os fatos", disse o comissário. “Há lições a serem aprendidas e o impacto deste incêndio pode influenciar a área imediata e a própria indústria”.

Um sistema de eliminação de esterco pode ter "superaquecido" e o gás metano no prédio "entrou em ignição, espalhou-se e explodiu", segundo declarações do xerife do condado de Castro, Sal Rivera, entrevistado pela CBS.
Enterrar 18 mil vacas: o suficiente para cobrir 26 campos de futebol
O incidente gerou a ira entre ativistas de defesa dos animais, que estão a fazer pressão para serem implantados mais regulamentos sobre incêndios em herdades pecuárias de grande escala, como a South Fork Dairy. O incêndio é o mais letal para o gado dos últimos dez anos nos Estados Unidos e põe em dúvida o modelo americano de pecuária, altamente industrializado.

Depois do incêndio extinto e contabilizadas as baixas dos 18 mil animais, surge a emergência de descartar as carcaças.

O método mais usual é levar o gado morto para a um aterro sanitário que aceita carcaças de animais, para proteger o meio ambiente dos resíduos. Mas "transportar tantas vacas mortas para as terras seria demorado, caro e irreal", argumentou Saqib Mukhtar, reitor associado do Instituto de Alimentos e Alimentos da Universidade da Flórida Extensão em Ciências Agrárias e especialista em descarte de gado.

A queima das carcaças levará muito tempo, já que só se pode queimar três ou quatro vacas cada vez usando incineradores móveis, explicou Mukhtar, citado na publicação Usa Today. Acrescentou que a “compostagem exigiria uma quantidade insondável de material orgânico – como feno misturado com esterco – para cobrir todos os 18 mil animais”.

A Comissão de Qualidade Ambiental do Texas e do Texas A&M AgriLife Extension Service estão a monitorizar o descarte das carcaças, de forma a garantir “que os animais sejam enterrados a mais de 15 metros de poços de água pública e fora de planícies de inundação”.

Esse método acarreta riscos de infiltração de poluentes no solo e nos aquíferos, assegura Mukhtar.

Mas nada do descarte de 18 mil carcaças promete ser rápido. “Qualquer que seja o método escolhido, os proprietários e reguladores precisarão agir rapidamente: à medida que se decompõem, as carcaças de vacas libertam gases, como sulfeto de hidrogênio e amónia, que – se vazarem em grandes quantidades – podem representar também riscos de poluição do ar, deixou claro Mukhtar.

"É um grande e complexo desafio", rematou.



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