Incidentes com polícia marcam manifestação dos “coletes amarelos” em Paris

por RTP
Reuters

A polícia tem utilizado gás lacrimogéneo contra os protestantes que se mostram violentos ou tentam passar as barreiras físicas impostas pelas autoridades. Os incidentes com a polícia permanecem nos Campos Elíseos e ruas adjacentes. Os "coletes amarelos" levam a cabo o terceiro dia de ação nacional de protesto.

O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, estima que estejam mais de “1.500 perturbadores” na zona dos Campos Elíseos.

Desde as 06h00 locais (05h00 em Lisboa), a avenida parisiense está fechada ao tráfego e sujeita a uma vigilância policial apertada. Mais de uma centena de pessoas já foram detidas, de acordo com o primeiro-ministro francês. Há, pelo menos 65 feridos, onze deles polícias.

A polícia usou gás lacrimogéneo e canhões de água para tentar dispersar os manifestantes."Claro que vale a pena vir aqui", garante um português que participa nos protestos à RTP. "Há muita gente que sofre, que ganha muito pouco", argumenta este manifestante, que contesta o nível de impostos e garante que está sempre preocupado com o fim do mês e não com o fim do mundo, como o presidente francês.

“Muito cedo esta manhã, indivíduos mascarados e determinados fizeram prova de uma grande violência. As forças de ordem foram alvo de ataques que classificaram de uma violência raramente vista”, afirmou o primeiro-ministro Édouard Philippe, mostrando-se “chocado” com os acontecimentos. "Temos, até ao momento, mais de 107 detenções, o que é um número considerável", disse o chefe de Governo na sede da polícia de Paris.

“Estamos determinados a que nada seja desculpado àqueles que vêm com a única vontade de agitar, de provocar as forças policiais, de trazer um discurso revolucionário ou preocupações que não têm nada a ver com as questões que foram levantadaForam mobilizados 4.000 polícias para manterem a ordem nos Campos Elíseos.s pelo Presidente da República e que o governo pretende regulamentar”, acrescentou Philippe. O primeiro-ministro reforçou que está aberto ao diálogo.

O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, argumentou que não se deve misturar os “arruaceiros, que são a minoria, com os ‘coletes amarelos’, que são sinceros na sua abordagem” e prontos para o diálogo.

O movimento de "coletes amarelos" nasceu espontaneamente num sinal de protesto contra a taxação de combustíveis em França.
As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens de confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia, no passado sábado, na emblemática avenida dos Campos Elíseos.

O último protesto, no fim de semana passado, também em Paris, fez 24 feridos e 130 pessoas foram detidas.

Durante mais de duas semanas, os “coletes amarelos” bloquearam estradas por todo o país, assumindo-se como o maior e mais duradouro desafio que o Emmanuel Macron enfrenta em 18 meses na Presidência de França.

De acordo com estimativas policiais, houve mais de 31 mil pessoas em protesto, em 582 bloqueios de estradas.
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