Incursão militar israelita em Rafah (Gaza) seria "aterradora" - alto comissário da ONU

por Lusa

O Alto comissário da ONU para os direitos humanos advertiu hoje que a entrada das forças israelitas em Rafah, refúgio de 1,5 milhões de palestinianos em Gaza, seria "aterradora" e implicaria um número "extremamente elevado" de mortes civis.

"Atendendo às atuais circunstâncias, a perspetiva de uma operação [militar] deste tipo em Rafah [o último refúgio no sul da Faixa de Gaza para 1,5 milhões de civis palestinianos], implica o risco que se cometam mais crimes atrozes", denunciou Volker Turk, em comunicado.

Segundo Turk, uma eventual incursão terrestre implicaria não apenas um elevado número de baixas civis, entre mortos e feridos, como o fim da escassa ajuda humanitária que está a ser enviada para o enclave, com "enormes consequências para toda a Faixa", incluindo as centenas de milhares de pessoas em grave risco de inanição e fome generalizada na zona norte.

Perante o atual cenário, o alto comissário austríaco recordou a Israel as suas obrigações face ao direito internacional humanitário, e ainda as deliberações emitidas pelo Tribunal Internacional de Justiça em 26 de janeiro passado, que exortou Telavive a impedir um genocídio em Gaza através de ações "imediatas e definitivas".

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 67.000, também maioritariamente civis.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.

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