Índia é o país mais perigoso para as mulheres. EUA em 10.º

por RTP
O Afeganistão e a Síria ocupam, respetivamente, o segundo e terceiro lugar na lista Neha Dasgupta - Reuters

A Fundação Thomson Reuters realizou um estudo sobre os países mais perigosos para as mulheres. As conclusões publicadas na terça-feira demonstram que o primeiro lugar do ranking é ocupado pela Índia. Os EUA em 10.º lugar.

As respostas aos 550 inquéritos, compostos pela Fundação Thomson Reuters e respondidos por especialistas de todo o mundo em direitos das mulheres, colocam a Índia no topo da lista dos dez países mais perigosos para o sexo feminino.

As práticas culturais e tradicionais que colocam as mulheres em perigo, o risco elevado de violência sexual e assédio e o perigo de tráfico humano, incluindo escravidão laboral, foram os motivos que levaram à nomeação da Índia como o país mais perigoso para as mulheres.

Os inquéritos interrogavam qual era, na opinião dos especialistas, o país mais perigoso em diferentes aspetos: saúde, descriminação, cultura e religião, abusos sexuais e não sexuais e tráfico humano. A Índia foi classificada como o país número um em metade das categorias analisadas.

O Afeganistão e a Síria foram, respetivamente, os países colocados em segundo e terceiro lugar na lista. Os cenários de guerra foram a principal razão para a colocação destes dois países no top três do ranking dos mais perigosos para as mulheres.

Os Estados Unidos, em décimo, ocupam o último lugar da lista. São a única nação ocidental a marcar presença neste ranking. A Fundação Thomson Reuters explica que o estudo foi desenvolvido depois do movimento “MeToo” se ter tornado viral, sendo uma possível justificação para a presença dos EUA no topo da lista.

Juntamente com a Síria, os Estados Unidos são o terceiro país classificado como o mais perigoso para as mulheres em termos de violência sexual, incluindo violação, assédio e falta de acesso à justiça em casos de violação.“Que vergonha para o nosso país”
Os direitos das mulheres na Índia e a violência que sofrem não são um tema novo. Os especialistas dizem que as conclusões deste estudo demonstram que os esforços que estão a ser feitos não são suficientes para combater o perigo que as mulheres enfrentam na Índia.

“A Índia demonstrou total desprezo e desrespeito pelas mulheres…violação, violações conjugais, agressão sexual e assédio, o infanticídio feminino tornou-se inabalável”, afirmou Manjunath Gangadhara, funcionário do governo do Estado de Karnataka, em declarações à Fundação Thomson Reuters.

“A economia com maior crescimento (do mundo) e líder em espaço e tecnologia é envergonhada pela violência cometida contra contra as mulheres”, acrescenta Manjunath Gangadhara.

Segundo a Fundação Thomson Reuters, dados do governo indiano revelam que entre 2007 e 2016 os casos reportados de crime contra as mulheres aumentaram 83%. A cada hora eram registados quatro casos de violação.

Rahul Gandhi, presidente do Congresso Nacional Indiano, partilhou um tweet onde afirma que as conclusões do estudo da Fundação Thomson Reuters são uma “vergonha” para a Índia.

“Enquanto o nosso Primeiro-Ministro anda na ponta dos pés pelo seu jardim a fazer vídeos de Yoga, a Índia lidera o Afeganistão, Síria e a Arábia Saudita nas violações e violência contra as mulheres”.


A Fundação Thomson Reuters realizou, em 2011, um estudo semelhante onde o Afeganistão liderava o ranking dos cinco países mais perigosos para as mulheres. A Índia ocupava o quarto lugar, tendo passado para a primeira posição no estudo de 2018.

A lista completa dos dez países mais perigosos para as mulheres:

1. Índia 
2. Afeganistão
3. Síria
4. Somália
5. Arábia Saudita
6. Paquistão
7. República Democrata do Congo
8. Iémen
9. Nigéria
10. Estados Unidos da América


Tópicos
pub