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Índia enforca condenados por violação em grupo de estudante num autocarro

por RTP
A mãe da vítima, depois da execução Reuters

Foram esta sexta-feira enforcados os quatro homens que foram condenados pela violação em grupo de uma estudante de 23 anos, num autocarro, em dezembro de 2012 em Nova Deli. A jovem foi depois abandonada na berma da estrada.

Os quatro homens foram enforcados no estabelecimento prisional de Tihar, em Nova Deli. Tinham sido sentenciados em 2013 e viram recusados os pedidos de clemência. Centenas de polícias foram destacados para a porta da prisão, para controlar uma multidão que foi celebrar a execução.

“Hoje, a justiça foi feita ao fim de sete anos”, disse a mãe da vítima, no exterior da prisão. “Saúdo as instituições judiciárias da Índia e agradeço a Deus por ouvir as nossas preces. A alma da minha filha pode finalmente descansar em paz”.

Em 16 de dezembro de 2012, um grupo de homens alcoolizados que seguia num autocarro violou e espancou brutalmente uma jovem estudante de 23 anos, que depois atirou do veículo.

Num tweet, o primeiro-ministro indiano escreve que “a justiça prevaleceu”, que é de “extrema importância assegurar a dignidade e segurança das mulheres”.

A polémica lançada pelo caso levou à adoção de leis mais duras contra a violência sexual, incluindo a pena capital por violação, em casos extremos.

Em 2018, em média a cada 15 minutos, uma mulher reportava uma violação, de acordo com dados divulgados pelo Governo no mês passado, reforçando a percepção de que a Índia é um dos países mais perigosos para se ser mulher. Das queixas, cerca de 85% deram origem a acusações formais e 27% a condenações, de acordo com o relatório anual da criminalidade.

O caso remonta a 2012. A jovem de 23 anos sofreu múltiplos ferimentos na sequência da violação e do espancamento com barra de ferro e chegou a ser transferida para um hospital em Singapura. Ainda lutou pela sobrevivência durante duas semanas, depois de três intervenções cirúrgicas na Índia, mas acabou por morrer.

Na altura, seis homens foram detidos. Um deles foi encontrado morto na cela, em março de 2013, depois de, aparentemente, se ter suicidado. Um outro, de 17 anos na altura, cumpriu três anos num reformatório – o máximo estabelecido pela lei – e saiu em liberdade.

Em 2017, o Supremo Tribunal ditou a pena capital para os quatro homens, considerando que era um dos casos extremos que poderia ditar a aplicação da pena mais dura nestes casos. O presidente indiano recusou depois vários pedidos de clemência.

O caso gerou uma onda de protestos sem precedentes naquele país e algumas manifestações degeneraram em violência, nas quais houve mortos e feridos.

Em 30 de dezembro desse ano, o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o "crime brutal" de que foi vítima a estudante indiana.

Na ocasião, as autoridades também divulgaram os nomes, as fotografias e as moradas dos violadores na página da polícia de Nova Deli na internet e o departamento contra o crime criou um diretório de violadores condenados, que inclui igualmente os respetivos dados pessoais.

O antigo primeiro-ministro indiano Manmohan Singh também reconheceu, na altura, que as mulheres estavam a ser tratadas de forma desigual e injusta no país, e declarou que a segurança delas era uma prioridade.
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