Índia quer isolar Paquistão após ataque do "Exército de Maomé"

por RTP
A região de Caxemira é reivindicada tanto pela Índia como pelo Paquistão desde o fim da colonização britânica, em 1947 Mukesh Gupta - Reuters

O grupo radical com base no Paquistão Jaish-e-Mohamed, ou Exército de Maomé, reivindicou o ataque que maior número de mortes provocou entre as forças de segurança da Caxemira indiana em 30 anos de insurreição, aumentando a tensão regional. O Governo indiano promete dar “todos os passos diplomáticos possíveis” para garantir o “total isolamento” do Paquistão a nível internacional, na sequência das mortes de 44 soldados no atentado suicida.

“Vamos lutar por responder, o nosso vizinho não tem permissão para nos desestabilizar”, afirmou o primeiro-ministro Narendra Modi, após reunião com conselheiros de segurança.

Já o ministro federal indiano Arun Jaitley diz que tem “provas indesmentíveis” do envolvimento do Paquistão no ataque.
O Exército de Maomé é um grupo militante sunita no Paquistão, à semelhança do Lashka-e-Taiba e Lashkar-e-Jhangvi.

Fundado em 2000, depois de Masood Azhar ter sido libertado de uma prisão em troca de 155 reféns sequestrados num avião da Indian Airlines, o grupo foi banido no Paquistão em 2002.

Por isso, pede sanções globais contra o grupo e a inclusão do seu líder, Masood Azhar, na listagem de terroristas do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Índia já fez várias tentativas neste sentido, mas os esforços têm sido gorados pela ação da China e do Paquistão.

Por sua vez, Islamabad nega qualquer envolvimento e condenou o ataque perpetrado quinta-feira, classificando-o de “questão grave”.

Determinado em responsabilizar o Paquistão, o ministro Jaitley afirmou que a Índia vai revogar o estatuto de “nação mais favorecida” do Paquistão, um privilégio comercial especial concedido em 1996.

O Governo indiano considera que o grupo Jaish-e-Mohamed bem como o seu líder gozam de total impunidade no Paquistão e exige que as autoridades de Islamabad se mobilizem para travar a ação do grupo.

A Índia responsabiliza o grupo por uma série de ataques, incluindo uma invasão, em 2001, do Parlamento em Nova Deli, conduzindo à mobilização de militares para a fronteira.

A insurreição pelo controlo do território indiano da Caxemira começou em 1989.

A Casa Branca apelou ao Paquistão a “terminar imediatamente o apoio e segurança dado a todos os grupos terroristas que operam em seu solo”.
Como aconteceu
O bombista suicida – apontado como Adil Dar, de 19 ou 21 anos, que abandonou a escola e a habitação em 2018 - dirigiu-se num carro cheio de explosivos contra um comboio composto por 78 autocarros com forças de segurança na estrada entre Srinagar e Jammu, a cerca de 20 quilómetros.

"Um carro ultrapassou o comboio e bateu num autocarro", relatou um elemento da polícia à BBC Urdu.

Um canal indiano emitiu um vídeo com declarações alegadamente de Adil Dar, relativas a atrocidades cometidas contra os muçulmanos em Caxemira.

O homem referia ter-se juntado ao grupo radical em 2018 e que lhe tinha sido “atribuída” a tarefa de perpetrar o ataque de Pulwama. Adil Dar também afirmou que quando o vídeo fosse emitido, estaria no céu.

O principal líder da oposição sublinhou a crescente radicalização dos jovens de Caxemira, desde os 88 que se juntaram ao grupo em 2016 aos 191 em 2018.
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