Indicação de ex-director para cargo em Lisboa fere regimento interno da Polícia Federal - Imprensa

São Paulo, Brasil, 31 Dez (Lusa) - A indicação do ex-director dos serviços secretos do Brasil para um cargo diplomático, em Lisboa, fere o regimento interno da Polícia Federal brasileira, noticia hoje o jornal Folha de São Paulo.

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Paulo Lacerda, demitido segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da direcção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), envolvido num caso de escutas ilegais, foi nomeado para o recém-criado cargo de adido policial da Embaixada do Brasil, em Portugal.

Uma das normas internas da Polícia Federal (PF) determina que o candidato a adido esteja na activa e seja aprovado num processo de selecção, como forma de evitar indicações políticas na instituição.

Paulo Lacerda é delegado reformado da Polícia Federal e foi nomeado, sem qualquer processo de selecção, o que contraria os estatutos da própria instituição, salienta o jornal.

O Ministério da Justiça, responsável pela Polícia Federal, informou ao diário que o regimento interno não impede, entretanto, que a nomeação seja feita pelo ministro e pelo presidente da República.

Ainda de acordo com o Ministério da Justiça, o ex-responsável pelos serviços secretos, "por ter sido director da Polícia Federal(PF), preenche os requisitos necessários e dará peso ao cargo em Portugal".

Paulo Lacerda estava afastado da Abin há três meses, alvo de um inquérito da PF e do Ministério Público brasileiro, por suspeita de comandar um esquema de escutas clandestinas, nomeadamente a altos responsáveis como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e actuação ilegal de agentes da Abin na chamada Operação Satiagraha.

Liderada pela PF, esta operação visava o combate à corrupção e lavagem de dinheiro e resultou nas detenções do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, do investidor Naji Nahas e do banqueiro Daniel Dantas, do banco Opportunity.

Uma sindicância interna do Governo concluiu, no entanto, pela inexistência de irregularidades, da parte de Lacerda, durante a operação.

Lacerda esteve à frente da Polícia Federal entre 2003 e 2007, e defendeu, logo após a sua nomeação para a Abin, um maior envolvimento dos serviços de informações das duas forças.

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