Inglaterra prepara-se para antecipar segundas doses face à variante indiana

por Cristina Sambado - RTP
O primeiro-ministro Boris Johnson não descartou, na quinta-feira, a reintrodução de medidas regionais Dan Kitwood - Reuters

O Governo inglês vai antecipar a administração segunda dose da vacina e introduzir restrições nas zonas do país onde mais afetadas pela variante indiana do SARS-CoV-2. O Instituto de Saúde Pública do Reino Unido registou na quinta-feira 1313 casos da estirpe B.1.617.2.

Os números divulgados na quinta-feira são mais do dobro dos 520 registados pelo Instituto de Saúde Pública do Reino Unido (PHE) a 5 de maio.

O regresso de algumas restrições económicas e sociais em algumas zonas do país não está descartado.

O Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) considera que “não existem ainda fortes evidências de que a variante tenha um maior impacto na gravidade da doença ou que seja resistente à vacina”.


“Estamos a monitorizar a situação com muito cuidado e não hesitaremos em tomar outras medidas, se necessário”, afirmou o secretário da Saúde, Matt Hancoock, à BBC.

O primeiro-ministro Boris Johnson não descartou, na quinta-feira, a reintrodução de medidas regionais. “É uma variante que causa grande preocupação, estamos preocupados".

No entanto, Boris Johnson acrescentou que não há evidências que indiquem que o desconfinamento previsto para 17 de maio não possa prosseguir.

Quinta-feira, o Reino Unido reportou 11 óbitos por Covid-19 e 2284 novas infeções.

Entre 7 e 13 de maio, a média diária foi de dez mortes e 2297 casos, o que corresponde a uma descida no número de mortes de 16 por cento, mas um aumento de 12,4 por cento no número de infeções relativamente aos sete dias anteriores.

Quinta-feira foi o terceiro dia em que a tendência semanal é de aumento, o que coincide com o número de infeções com a variante indiana.

Quase 36 milhões de pessoas já receberam pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19. O PHE afirma que as vacinas salvaram 11.700 vidas e impediram que 33 mil pessoas ficassem gravemente doentes em Inglaterra.

Os testes e o rastreamento de contactos estão a decorrer em locais específicos para evitar a propagação de surtos.

Segundo o DHSC estão a ser tomadas medidas adicionais onde surtos são detetados, incluindo o sequenciamento do genoma dos casos para monitorizar variantes, aumento do envolvimento da comunidade e incentivo da população elegível à vacina. 

Nick Loman, consultor do PHE, afirmou que as vacinas estão a funcionar “muito bem”. “Pessoalmente considero que há um papel no uso de vacinas para chegar particularmente às zonas mais afetadas”.

Os casos da variante indiana foram detetados em Londres, Bolton, Tyneside e Nottingham.


Em Bolton foram instaladas unidades móveis de testagem e foram oferecidos porta-a-porta testes de PCR aos 22 mil residentes na localidade. Os testes de PCR são a maneira mais precisa para verificar a existência da Covid-19.

Foi ainda instalado um autocarro de vacinação, com 100 enfermeiros e conselheiros de saúde pública, para aumentar o processo de vacinação.

Em Blackburn, Darwen e Lancashire vão abrir, na próxima semana, mais centros de vacinação.

Os testes foram também reforçados em Sefton, Merseyside, depois de terem sido confirmados casos da variante indiana na área de Formby, onde é solicitado a qualquer pessoa com mais de 16 anos, que more, trabalhe ou estude na área que realize um teste de PCR.
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