Inquérito ao assassínio de ex-espião russo apresentado na quinta-feira em Londres
Londres, 20 jan (Lusa) -- O juiz britânico que tem dirigido a investigação pública no Reino Unido sobre a morte de Alexander Litvinenko vai apresentar na quinta-feira as suas conclusões, quase uma década depois do assassínio por envenenamento do ex-espião russo.
O magistrado Robert Owen vai divulgar as suas recomendações a partir das 10:00 locais (e de Lisboa), depois de ter interrogado testemunhas e ouvido alegações das partes, entre as quais a família do ex-agente do Serviço Federal de Segurança russo (FSB, antigo KGB), entre 27 de janeiro e 30 de junho do ano passado.
Segundo as condições da investigação, determinadas pelo governo, Owen não pode fazer acusações civis ou criminais, mas apenas limitar-se a explicar as circunstâncias da morte e a presumível responsabilidade da mesma.
Depois das declarações do juiz espera-se que a ministra do Interior, Theresa May, compareça na Câmara dos Comuns e que a viúva, Marina Litvinenko, faça declarações.
Alexander Litvinenko, que entrou em dissidência com o regime do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu em 23 de novembro de 2006, com 43 anos, envenenado pela substância radioativa polónio 210, três semanas depois de ter bebido um chá, durante um encontro com dois ex-colegas do FSB, Andrei Lugovoi e Dmitri Kovtun, no Hotel Millennium de Londres.
A polícia britânica acusou do assassínio Lugovoi, que é deputado na Duma russa, e Kovtun, mas estes negam a sua implicação e o governo de Moscovo recusou a sua extradição.
A atual investigação começou depois de uma prolongada batalha legal de Marina Litvinenko, que conseguiu reverter a decisão inicial do governo de Londres de não a fazer, por recear agravar as delicadas relações com Moscovo e expor segredos oficiais.
Depois do encerramento desta investigação, está previsto que se reabra a de caráter forense que o próprio Owen tinha iniciado logo depois do assassínio do ex-espião, mas que foi arquivada por falta de informação.
No início da investigação, cujas conclusões são apresentadas na quinta-feira, testemunhou a viúva de Litvinenko, que acusou diretamente Putin pela morte do seu marido.
RN // JPS