Inscrição em faca de dois mil anos pode ser uma das mais antigas runas da Dinamarca

Arqueólogos fizeram uma descoberta impressionante na cidade dinamarquesa de Odense. Uma faca, que se estima ter dois mil anos, que depois de ser limpa por conservadores apresentou caracteres que se acredita serem runas, do antigo alfabeto dinamarquês. São cinco caracteres com a inscrição hirila que significa "pequena espada" na antiga língua nórdica.

RTP /
Esta faca de dois mil anos tem inscrita cinco caracteres que pertencem às antigas runas da língua nórdica Museu de Odense

A faca é de ferro e tem cerca de oito centímetros. Foi encontrada por baixo de uma urna na cidade de Odense, ilha de Funen. Os cinco caracteres na faca têm cerca de meio centímetro. Os arqueólogos do Museu de Odense acreditam que estas são as runas mais antigas da Dinamarca.

Jakob Bonde, curador do museu e arqueólogo, fez a descoberta e explicou que pensou, primeiramente, tratar-se de uma faca normal, já que as runas não eram visíveis. Mas depois de uma limpeza, os conservadores perceberam que estava inscrita uma palavra.


É como receber uma nota do passado. É uma descoberta extraordinária para nós e diz algo sobre o desenvolvimento da antiga língua escandinava. E para mim, pessoalmente, é incrível ter feito esta descoberta”, revelou Jakob Bonde.

Os arqueólogos que estudam a faca acreditam que as letras encontradas referem-se mais ao objeto em si do que ao seu dono, alguém de quem nada de se sabe a não ser que deveria fazer parte de uma classe alta da sociedade naquela altura. Bonde explicou que essas pessoas eram inspiradas pelo império romano.

“Estamos a falar de um período em que a Dinamarca tinha uma grande ligação aos Romanos e aqueles que se encontravam mais alto na hierarquia da sociedade tentavam parecer-se aos Romanos, por assim dizer, importando artefactos e mostrando-os. Tudo o que era romano na altura estava na moda”, continuou Bonde.

O museu anunciou que a faca e outros artefactos encontrados perto dela ficarão em exposição a partir do dia 2 de fevereiro. Lisbeth Imer, runologista do Museu Nacional da Dinamarca, foi ouvida pelo Guardian e explicou que a descoberta pode revelar muito sobre a história da Dinamarca.

“É incrivelmente raro para nós encontrar runas que são tão antigas quanto as que estão nesta faca e oferece uma oportunidade única para ganharmos maior conhecimento sobre a antiga linguagem dinamarquesa escrita e, a partir daí, perceber mais sobre a linguagem que se falava durante a idade do ferro”, explicou Lisbeth Imer.

“Durante esse período de história, a proficiência em ler e escrever não era alargada a toda a gente, o que quer dizer que para se saber ler e escrever era preciso estar-se ligado a estatuto de poder especial. Nos primeiros dias da história rúnica, aqueles que conseguiam escrever constituíam uma pequena elite, e as primeiras provas disso mesmo foram encontradas em Funen”, concluiu Lisbeth Imer.
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