Investigador culpa pilotos e controladores do acidente do avião GOL
O principal responsável pela investigação do acidente do avião da empresa brasileira Gol, no qual morreram 154 pessoas em 2006, considerou que a tragédia ocorreu devido a falhas dos pilotos americanos e dos controladores de voo.
O pior acidente da história da aviação brasileira ocorreu a 29 de Setembro de 2006 sobre a selva da Amazónia, quando um Boeing 737 da Gol colidiu, a 37 mil pés de altitude, com jacto Legacy, da Embraer.
"Houve uma desconexão involuntária da equipa do Legacy ao longo de aproximadamente 50 minutos e o procedimento de isolamento do jacto não foi adoptado, nem o avião da Gol alertado", explicou Renato Sayao Dias, delegado da Polícia Federal, perante a Câmara de Deputados.
O responsável pela investigação apresentou-se a uma comissão que está a investigar o sector da aviação civil brasileira há alguns meses, afectado por uma crise que se agudizou com o desastre do voo da Gol.
Durante a viagem, foi desligado o equipamento de navegação que permite evitar colisões em voo, denominado "transponder".
Para Sayao, esta acção terá sido involuntária, caso contrário, a voar a 37 mil pés sem o equipamento anti-colisão ligado, "seria equivalente a um suicídio".
As investigações também revelaram que existiram irregularidades no trabalho dos controladores de voo, o que "potenciou o risco de choque entre aeronaves".
Além dos dois pilotos, o jacto transportava cinco passageiros num voo inaugural em direcção aos Estados Unidos, vendo-se obrigado, depois da colisão, a aterrar de emergência numa base militar na Amazónia. Os passageiros do Legacy saíram ilesos.
"Não havia indícios de que eles não tinham cumprido intencionalmente as normas do tráfego aéreo, arriscando a própria vida", disse o mesmo investigador.
Os pilotos estiveram detidos dois meses no Brasil e foram libertados por uma ordem judicial no final de 2006, viajando para os Estados Unidos.
Sayao explicou ainda que não incluiu na sua investigação os controladores de voo, porque os funcionários estão a ser investigados pela Força Aérea.
Da sua investigação encontrou pelo menos quatro erros dos controladores, sabendo que em primeiro lugar não havia autorização para o plano de voo do Legacy.
Outro erro foi a ausência de um pedido de descida dos 37 mil para os 36 mil pés, quando o Legacy entrou no espaço aéreo de Brasília.
O terceiro erro ocorreu quando os controladores sem resposta do sinal do "transponder" não tomaram medidas para corrigir a falha.
E por fim, segundo o responsável, quando o controlo da aeronave foi transferido para a torre de controlo de Manaus foi transmitida uma informação errada sobre a altitude a que voava o Legacy, pensando-se que estava a 36 mil pés, quando estava a 37 mil pés, a mesma altitude a que viajava o Boeing na direcção contrária.