Investigadores portugueses estudam efeito nocivo do ozono sobre as plantas

Um grupo de investigadores portugueses está a avaliar a sensibilidade ao ozono em zonas rurais do Alentejo para determinar os e feitos tóxicos sobre as plantas e o seu impacto na agricultura, disse à Agência Lusa o coordenador do projecto.

Agência LUSA /

O ozono troposférico que se concentra na camada envolvente da Terra (entre zero a quinze quilómetros de distância) tem efeitos nocivos não só para a saúde humana, mas também sobre a vegetação, reduzindo a taxa de fotossíntese e de crescimento das plantas e provocando a morte celular das folhas.

Estudos realizados nos EUA e na Europa indicam que os efeitos negativos do ozono provocam prejuízos avaliados em milhões de euros.

No caso dos EUA, estima-se que os prejuízos atinjam dois a três mil mil hões de euros, anualmente, enquanto na Europa, um estudo do ano 2002 apontava pa ra perdas estimadas em quatro mil milhões de euros.

"O problema é que como o ozono afecta a taxa de crescimento e a produtividade, tem repercussões, por exemplo, a nível do tamanho dos grãos ou da qualid ade dos frutos", explicou João Vilhena, responsável pelo projecto "Biozone" (bio monitorização do ozono troposférico e avaliação da sensibilidade da vegetação me diterrânica).

O projecto teve início em Dezembro de 2005 e está a ser desenvolvido em oito pontos de cultivo no Alentejo, usando duas espécies de planta de tabaco, u ma mais sensível e outra resistente ao ozono. Semanalmente, os cientistas verificam as manchas (correspondentes a tec ido morto) que o ozono provoca nas plantas e a sua evolução.

"Estamos a medir as concentrações do ozono para saber como afecta as plantas e identificar os locais onde os níveis são mais elevados e onde podem pote ncialmente afectar a vegetação da região", disse o investigador.

O trabalho pode ter uma aplicação prática para a agricultura - ajudando , por exemplo, a identificar variedades mais resistentes -, mas também a nível d a protecção da vegetação local.

"Existe muito pouca informação sobre os efeitos do ozono na vegetação e m Portugal", sublinhou João Vilhena.

No caso do Alentejo, onde o sistema dominante é o montado, o ozono pode ter um impacto negativo, em conjugação com outros factores.

A informação é importante, a nível europeu, para melhorar a legislação relativa aos valores limite de protecção para a vegetação (à semelhança do que a contece para a saúde humana).

"A maior parte dos estudos foram feitos no Centro e no Norte da Europa, por isso, no caso do Sul, esses limites poderão estar desajustados, quer por ex cesso, quer por defeito", assinalou o mesmo responsável.

Sabe-se, por exemplo, que algumas espécies de características mediterrâ nicas fecham os estomas (poros através dos quais se efectuam as trocas gasosas e ntre as plantas e a atmosfera) quando estão sob "stress" hídrico (carência de água) e, por isso, podem até ser mais resistentes no Verão, adiantou João Vilhena.

A investigação, que envolve cientistas do Centro de Geo-Sistemas do Instituto Superior Técnico e do Jardim Botânico de Lisboa, conta também com outras instituições e entidades a nível local e central.

Os primeiros resultados do projecto deverão ser divulgados até ao final do ano.


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