IRA renunciou ao terrorismo e a actividades criminosas

O Exército Republicano Irlandês (IRA) renunciou ao terrorismo e pôs fim a actividades criminosas, empenhando-se de forma irreversível na via política, segundo um relatório de peritos hoje divulgado e considerado histórico por Londres.

Agência LUSA /

O IRA "era, há três anos, o mais sofisticado e mais perigoso grupo para militar, com um poderoso arsenal", refere o relatório de quatro peritos internacionais da Comissão Independente de Monitorização encarregue de vigiar os grupos armados na Irlanda do Norte.

O IRA está "actualmente firmemente empenhado numa estratégia política, rejeitando o terrorismo e outras formas de crime", adianta o relatório da comissão dirigida pelo antigo director da CIA Dick Kerr.

Segundo o documento, "um regresso ao terrorismo deixou de ser uma possibilidade viável".

O Estado-Maior da principal organização clandestina da Irlanda do Norte "adoptou uma posição firme contra o envolvimento em actividades criminosas", velando para que os seus militantes não se associem ao crime organizado.

Este relatório, considerado "histórico e fundamental" por Londres e Dublin, exonera completamente o IRA de qualquer forma de actividade clandestina.

As conclusões dos quatro peritos são um bom augúrio, a uma semana de negociações destinadas a reiniciar o processo de partilha de poderes entre os representantes eleitos protestantes e católicos na Irlanda do Norte.

Os governos britânico e irlandeses consideram actualmente que os representantes eleitos protestantes já não têm um pretexto para recusar a partilha de poderes com os dirigentes do Sinn Fein, ala política do IRA e principal formação católica da Irlanda do Norte.

O IRA afastou-se de "forma irreversível" da violência e da criminalidade, referiu hoje o ministro britânico responsável pela Irlanda do Norte, Peter Hain.

Segundo o responsável, a Irlanda do Norte mudou radicalmente desde que o IRA renunciou à violência e desmantelou o arsenal, em 2005.

Londres e Dublin fixaram um prazo, até 24 de Novembro, para os eleitos protestantes e católicos se entenderem sobre a partilha de poderes no seio de um Governo e de uma Assembleia da Irlanda do Norte.

Se não houver acordo até essa data, a Assembleia de Belfast - de novo existente, embora simbolicamente, após uma suspensão de três anos - será suprimida e a Irlanda do Norte será governada por Londres, com a participação de Dublin.

Até ao momento, o principal partido protestante, os Democratas Unionistas (DUP), recusam esta partilha de poderes.

O Governo britânico considerou hoje, em comunicado, que o relatório agora divulgado abre uma via para uma "resolução definitiva do conflito na Irlanda do Norte".

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o seu homólogo da República da Irlanda, Bertie Ahern, vão reunir-se na próxima semana, na Escócia, durante três dias, para mais uma vez tentar executar o processo de devolução de poderes à assembleia de Belfast.

Blair já considerou que estas negociações podem ser "a última oportunidade" para todas as partes chegarem a um acordo.

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