Irão apoia aliado Hezbollah na resposta a plano de desarmamento no Líbano
O Irão apoiará qualquer decisão tomada pelo Hezbollah para responder ao plano de desarmamento do movimento xiita seu aliado, adotado pelo Governo libanês, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano.
"Qualquer decisão sobre o desarmamento caberá, em última análise, ao próprio Hezbollah. Apoiamo-lo à distância, mas não interferimos nas suas decisões", disse o ministro Abbas Araghchi numa entrevista à televisão estatal.
O governo libanês encarregou o exército de preparar um plano para garantir às forças estatais o monopólio das armas no país, pondo fim às forças paramilitares do Hezbollah.
O anúncio do executivo de Beirute, que estipula o desarmamento do Hezbollah até ao final de 2025, define que o exército libanês "tem a tarefa de desenvolver um plano de implementação para a retirada de armas antes do final do ano e submetê-lo ao Conselho de Ministros para discussão até 31 de agosto", de acordo com o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam.
Numa conferência de imprensa, Salam adiantou que o executivo libanês voltará a reunir-se na quinta-feira para dar continuidade às discussões sobre o plano proposto pelos Estados Unidos para o desarmamento do Hezbollah, que esteve envolvido num conflito aberto com Israel durante mais de um ano até novembro passado.
Apoiado militar e financeiramente pelo Irão, o Hezbollah é oficialmente designado como terrorista por Israel, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e diversos outros países e organizações, incluindo a Liga Árabe e o Conselho de Cooperação do Golfo.
A União Europeia designou de terrorista a ala militar do movimento.
Juntamente com o Hamas em Gaza, os Huthis no Iémen e outros movimentos armados de menor dimensão no Médio Oriente, o Hezbollah faz parte do chamado "eixo da resistência", que agrupa aliados iranianos que concertam ações contra Israel.
A campanha militar de Israel contra o Hezbollah em 2024 saldou-se pela eliminação de alguns dos seus principais líderes, centenas de combatentes e equipamento militar, incluindo `rockets` e mísseis usados em ataques contra território israelita.
O movimento xiita pró-iraniano reagiu num comunicado à decisão do governo de Beirute, afirmando que este "cometeu um pecado grave ao tomar uma decisão que priva o Líbano da arma da resistência contra o inimigo israelita", e que vai atuar como se a decisão "não existisse".
No rescaldo da reunião, ainda na terça-feira, o líder do Hezbollah, Naim Qassem, rejeitou prontamente a decisão do governo, alegando que o grupo xiita não iria entregar as armas enquanto Israel não suspendesse os ataques ao Líbano.
"Nenhum calendário que se supõe ser implementado sob o fogo da agressão israelita pode ser aceite", declarou Qassem num discurso televisivo, no qual exortou o Estado libanês a "desenvolver planos para lidar com a pressão" e a não "privar a resistência [Hezbollah] das suas capacidades e força".
O Hezbollah começou a lançar projéteis contra Israel no dia seguinte aos ataques do seu aliado palestiniano Hamas em território israelita, em 07 de outubro de 2023, que provocaram a guerra em curso na Faixa de Gaza.
Após a guerra do ano passado, o Estado libanês procura limitar a posse de armas exclusivamente às forças de segurança oficiais, mas até agora tem favorecido a rendição voluntária do Hezbollah para evitar a eclosão de potenciais conflitos internos.