A Organização Nacional de Energia Atómica do Irão (AEOI) confirmou, esta quinta-feira, o colapso de um edifício em construção, junto à central nuclear de Natanz, devido a um "incidente". Não há registo de vítimas ou risco de libertação de radiação e contaminação, mas o caso está a ser investigado.
O Irão confirmou que houve um "incidente", não especificado, na manhã desta quinta-feira junto à principal central nuclear do país, que levou ao desabamento de um edifício em construção, mas os trabalhos continuam a decorrer com "normalidade".
"O incidente aconteceu numa construção, numa zona exterior, perto da central nuclear de Natanz. Não há vítimas nem danos e a central nuclear está a funcionar com normalidade", anunciou Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização Nacional de Energia Atómica do Irão.
"Não se encontravam trabalhadores no local e não foram registadas vítimas", declarou ainda Kamalvandi. "No entanto, tivemos prejuízos financeiros e materiais".
A Organização Nacional de Energia Atómica do Irão publicou, através do Twitter, uma imagem do edífico alvo do "incidente", mostrando o telhado destruído e as paredes aparentemente queimadas.
📸اولین تصویر از حادثه امروز در یکی از سولههای در دست احداث سایت #نطنز pic.twitter.com/iU74tUOzkb
— خبرگزاری تسنیم 🇮🇷 (@Tasnimnews_Fa) July 2, 2020
Embora o incidente tenha ocorrido junto à Fábrica de Enriquecimento de Combustível de Natanz (FEP na sigla em inglês), o porta-voz garante que não há risco de haver libertação de radiação nem de contaminação. No entanto, a AEOI está a investigar as causas deste acidente.
"Não há preocupação com a possibilidade de contaminação, pois um dos armazéns que estava inativo e em construção foi danificado, não a própria instalação", disse Kamalvandi. O incidente "ocorreu num armazém sem material nuclear e sem potencial de poluição", continuou.
Posteriormente, o governador da cidade de Natanz descreveu o incidente como um incêndio na estrutura junto da central nuclear, segundo referiu a agência de notícias Tasnim. Ramazanali Ferdowsi disse ainda que foram enviados bombeiros e equipas de resgate para o local, que fica a cerca de 250 quilometros a sul de Teerão.
"Equipas de peritos estão atualmente no local e investigam as causas do acidente", disse o governador de Natanz.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que monitoriza a conformidade do Irão com o acordo nuclear de 2015 firmado com as potências mundiais, confirmou ter conhecimento sobre o incidente em Natanz e que, de momento, não está previsto nenhum impacto na atividade normal da central iraniana.
A central nuclear de Natanz, a FEP, é a que tem a maior capacidade para enriquecer urânio, a nível nacional, contando com espaço para cerca de 50 mil centrifugadoras em três grandes construções subterrâneas.
Começou a operar em 2007 e, em 2015, com o acordo nuclear com o Irão (firmado também pelos EUA, Rússia, China e também UE, que à altura incluía o Reino Unido), o regime de Teerão aceitou limitar drasticamente o enriquecimento de urânio naquela central. Foi acordado, então, que durante 10 anos seriam usadas apenas 5.060 centrifugadoras e apenas com capacidade para produzir energia e não armas nucleares.
Mas, com a retirada dos EUA do acordo nuclear, o Irão renunciou aos termos acordados e voltou a assumir abertamente as suas ambições nucleares. Em setembro de 2019 o país relançou as atividades de produção de urânio enriquecido que aceitou suspender em Natanz devido ao acordo de Viena.
Começou a operar em 2007 e, em 2015, com o acordo nuclear com o Irão (firmado também pelos EUA, Rússia, China e também UE, que à altura incluía o Reino Unido), o regime de Teerão aceitou limitar drasticamente o enriquecimento de urânio naquela central. Foi acordado, então, que durante 10 anos seriam usadas apenas 5.060 centrifugadoras e apenas com capacidade para produzir energia e não armas nucleares.
Mas, com a retirada dos EUA do acordo nuclear, o Irão renunciou aos termos acordados e voltou a assumir abertamente as suas ambições nucleares. Em setembro de 2019 o país relançou as atividades de produção de urânio enriquecido que aceitou suspender em Natanz devido ao acordo de Viena.
Aliás, o último relatório de vigilância do programa nuclear do Irão elaborado pela AIEA indica que Teerão acionou em Natanz 5.060 centrifugadoras ditas de primeira geração, repartidas em "30 cascadas" que produzem urânio enriquecido, e conduz atividades de pesquisa e desenvolvimento relacionadas com o enriquecimento deste mineral.
O relatório acrescenta que a República Islâmica produz urânio enriquecido até 4,5 por cento - taxa superior aos 3,67 por cento autorizados pelo acordo de Viena - , mas permanece longe do patamar necessário (mais de 90 por cento) para o fabrico de uma bomba atómica. A República Islâmica sempre desmentiu pretender dotar-se de uma arma nuclear, em resposta às acusações dos Estados Unidos e Israel.
O relatório acrescenta que a República Islâmica produz urânio enriquecido até 4,5 por cento - taxa superior aos 3,67 por cento autorizados pelo acordo de Viena - , mas permanece longe do patamar necessário (mais de 90 por cento) para o fabrico de uma bomba atómica. A República Islâmica sempre desmentiu pretender dotar-se de uma arma nuclear, em resposta às acusações dos Estados Unidos e Israel.
Este incidente em Natanz ocorreu seis dias depois de ter havido uma explosão perto de uma zona militar, a leste de Teerão, que o Irão justificou ter sido causada por "descargas de tanques de gás".