Irão disponível para negociar com Estados Unidos mas rejeita "pressão máxima"
O Irão está disponível para negociar com os Estados Unidos, mas rejeita a política de "pressão máxima" do Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou este sábado o chefe da diplomacia iraniana.
"O levantamento das sanções exige negociações, mas não no âmbito de uma política de `pressão máxima`, porque esta já não seria uma negociação, mas uma forma de capitulação", declarou Abbas Araghchi, num comunicado publicado na rede Telegram.
A declaração de Araghchi surge depois de o líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, ter pedido na sexta-feira ao Governo que "não negociasse" com os Estados Unidos, alegando que seria "imprudente".
O líder supremo, que tem a palavra final sobre todas as decisões estratégicas no Irão, justificou a sua posição pela experiência", segundo disse, de acordos feitos com os Estados Unidos, mas não cumpridos.
Em 2015, o Irão concluiu um acordo com os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia para regular o seu programa nuclear.
O texto previa em troca o alívio das sanções internacionais contra Teerão.
No entanto, em 2018, durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, Donald Trump retirou unilateralmente o seu país do acordo e restabeleceu pesadas sanções contra o Irão, provocando a insatisfação dos países europeus signatários.
Na quarta-feira, o Presidente norte-americano, que regressou à Casa Branca em 20 de janeiro, disse ser a favor de um "acordo de paz" com o Irão, inimigo dos Estados Unidos desde a Revolução Islâmica de 1979.
Mas o Irão não pode ter armas nucleares, insistiu Donald Trump no dia seguinte a uma declaração a favor de uma política chamada "pressão máxima" contra Teerão.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira sanções financeiras contra uma rede internacional "que facilita o envio de milhões de barris de crude iraniano, no valor de várias centenas de milhões de dólares, para a China".
Em reação, o chefe da diplomacia iraniana disse hoje que o seu país "não quer negociar com um país que simultaneamente assina novas sanções".