Irão. Quadragésimo dia desde a morte de Mahsa Amini marcado por confrontos

por RTP
Reuters

Milhares de iranianos reuniram-se esta quarta-feira no cemitério onde foi sepultada a jovem Mahsa Amini para assinalar os 40 dias da sua morte. O ritual, extremamente respeitado na cultura muçulmana xiita, ficou marcado por vários confrontos entre as forças de segurança e manifestantes curdos.

O cemitério de Aichi, na cidade iraniana de Saqqez, encheu-se hoje de milhares de pessoas que quiseram homenagear Mahsa Amini no 40.º dia desde a sua morte, dia que marca o fim do período de luto no Irão. 

Antecipando qualquer tipo de manifestação que pudesse acontecer em honra da jovem de 22 anos, as autoridades cortaram as principais estradas da cidade e o serviço de Internet e reforçaram a presença das forças de segurança.

Desafiando o bloqueio das estradas e o reforço policial, os manifestantes deslocaram-se a pé para o cemitério onde foi sepultada Mahsa Amini. Vários vídeos partilhados nas redes sociais mostram os curdos a gritar frases como "mulher, vida, liberdade" e "morte ao ditador", referindo-se ao líder supremo do Irão, Ali Khamenei, enquanto caminham ao longo de uma auto-estrada

Os protestos contra o regime iraniano, que um mês e meio depois ainda acontecem, continuaram hoje, convocados por um grupo de ativistas. Por toda o Curdistão, milhares de mulheres despiram e queimaram os véus e cortaram o cabelo em solidariedade com a morte da jovem, detida a 13 de setembro pela "polícia da moral" iraniana por, alegadamente, utilizar o seu hijab de forma imprópria. 

Apesar de os meios de comunicação iranianos terem garantido que a homenagem à jovem decorria "de forma pacífica" e "sem qualquer tipo de tensão" com as forças policiais, a organização curda de Direitos Humanos Hengaw acusou a polícia de abrir fogo e de usar gás lacrimogéneo contra os manifestantes. 

O governador do Curdistão, Esmail Zarei Koosha, contestou os vídeos publicados pela organização que mostram confrontos entre manifestantes e forças de segurança no bairro de Qukh, dizendo que "o inimigo e os seus meios de comunicação" tentaram usar o dia como pretexto para "provocar novas tensões".
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