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Irão vai limitar inspeções nucleares este mês se as sanções se mantiverem

por Lusa
Gabinete presidencial Irão via EPA (arquivo)

O Irão insistiu hoje que vai limitar algumas inspeções internacionais às instalações nucleares este mês se os outros membros do acordo nuclear de 2015 não cumprirem as obrigações.

"Caso as outras partes não cumpram os seus compromissos, o Governo iraniano vai ser obrigado a suspender a implementação voluntária do Protocolo Adicional do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear)", sublinhou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Said Jatibzadeh.

Este protocolo estipula o livre acesso de especialistas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a qualquer instalação nuclear iraniana, civil ou militar, sem aviso prévio.

O porta-voz esclareceu, em conferência de imprensa, que o "Irão vai continuar a ser membro do Acordo de Salvaguardas do TNP" e só se vai retirar do Protocolo Adicional.

"Parar as inspeções à margem das salvaguardas não significa o fim de todas as inspeções, pois, de acordo com as salvaguardas, a maioria das inspeções vai continuar", acrescentou.

Quanto ao abandono do Protocolo Adicional, Jatibzadeh disse que se trata de uma medida que pode ser adotada "imediatamente" e que, de acordo com uma lei do Parlamento iraniano, vai ser levada a cabo no dia 21 de fevereiro.

A lei, aprovada pela maioria conservadora da Câmara em dezembro, especifica que essa medida deve ser tomada se os outros signatários do pacto nuclear não normalizarem as relações bancárias com o Irão e removerem as barreiras à exportação de petróleo iraniano antes dessa data.

Apesar disso, o porta-voz disse que a "colaboração com a AIEA vai continuar" e que todas essas medidas que violam o acordo nuclear (JCPOA, na sigla em inglês) são "reversíveis desde que as demais partes se comprometam com as suas obrigações".

O JCPOA foi assinado em 2015 entre o Irão e seis grandes potências (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) para limitar o programa atómico iraniano em troca do levantamento de sanções internacionais.

O pacto foi seriamente ameaçado pela decisão do anterior Presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar os EUA em 2018 e impor sanções ao Irão, que respondeu um ano depois com uma redução gradual dos seus compromissos.

Recentemente, as autoridades iranianas começaram a enriquecer urânio com uma pureza de 20% e a produzir urânio metálico, em violação do acordo.

A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca trouxe esperança para o JCPOA mas, por agora, a sua Administração assegurou que não vai regressar ao pacto até que o Irão cumpra as suas obrigações, enquanto Teerão exige que sejam os norte-americanos a darem o primeiro passo.

A este respeito, o porta-voz da diplomacia iraniana criticou hoje o "atual governo dos Estados Unidos", que "não se diferencia do de Trump na imposição de sanções contra a nação do Irão".

"Se os norte-americanos regressarem ao multilateralismo, cumprirem os seus compromissos e corrigiram o caminho errado do passado, o Irão também vai dar uma resposta adequada", vincou Jatibzadeh.

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