Iraque. Após nova convocatória para manifestação, Moqtada Sadr recua

por Lusa

O influente líder xiita iraquiano Moqtada Sadr, que convocou os apoiantes a reunirem-se em Bagdad para uma manifestação maciça, recuou hoje, adiando `sine die` a concentração por receio de atos de violência.

Sadr, cujos apoiantes ocupam desde há mais de duas semanas a zona em torno do parlamento, tinha apelado para uma "manifestação de um milhão" de pessoas no sábado, na capital iraquiana.

"Se vocês apostam numa guerra civil, eu aposto na preservação da paz social. O sangue dos iraquianos é mais precioso que qualquer outra coisa", escreveu Sadr na rede social Twitter, anunciando "o adiamento `sine die`` da manifestação de sábado".

O anúncio surgiu enquanto prosseguem os debates de bastidores para retirar o país da crise: desde o fim de julho, os dois grandes polos do xiismo político vêm travando disputas verbais, sem contudo deixar a situação resvalar para a violência.

De um lado, Moqtada Sadr quer dissolver o parlamento e realizar eleições legislativas antecipadas; do outro, as fações xiitas pró-Irão do Quadro de Coordenação querem impor as suas condições para esse hipotético escrutínio e exigem que haja previamente um Governo de transição.

Na segunda-feira à noite, uma comissão que organiza manifestações de apoio ao Quadro de Coordenação tinha igualmente anunciado novas concentrações, mas sem precisar datas.

Desde 12 de agosto, os apoiantes desta coligação, que inclui os antigos paramilitares de Hachd al-Chaabi e o ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki, inimigo histórico de Sadr, estão acampados numa avenida de Bagdad.

Até agora, a situação ainda não degenerou, mas as tentativas de mediação entre as duas partes não foram bem-sucedidas.

Dirigente de uma fação do Hachd, Hadi al-Ameri multiplicou os apelos para a calma e o diálogo. Nos últimos dias, manteve uma série de reuniões com os principais responsáveis políticos do país, nomeadamente com aliados de Sadr. Reuniu-se com o chefe do parlamento, Mohamed al-Halbussi, e com os dirigentes dos dois principais partidos curdos históricos.

O atual impasse começou quando a Corrente Sadrista recusou, no fim de julho, uma candidatura ao cargo de primeiro-ministro apresentada pelo Quadro de Coordenação.

Desde as últimas legislativas no Iraque, em outubro de 2021, o país ainda aguarda a nomeação de um novo chefe de Governo e a designação de um novo Presidente.

Hoje, o ministro das Finanças, Ali Allawi, membro do Governo encarregado da gestão dos assuntos correntes, apresentou a demissão em Conselho de Ministros, segundo a agência de notícias estatal INA.

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