Iraque não quer acolher militares norte-americanos vindos da Síria

por RTP
Na segunda-feira, mais de 100 veículos militares norte-americanos cruzaram a fronteira entre a Síria e o Iraque Azad Lashkari - Reuters

O Iraque avisou esta terça-feira que os militares norte-americanos que estão a passar por esse país ao saírem da Síria não têm permissão para lá permanecer. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, já esclareceu que as tropas norte-americanas estão apenas de passagem por esse território e regressarão brevemente aos EUA.

“Todas as forças militares norte-americanas que estão a retirar-se da Síria receberam aprovação para entrar na área do Curdistão iraquiano para que possam ser de lá transportadas para fora do Iraque”, explicaram as forças militares desse país.

“Não foi concedida permissão a estas forças para que permaneçam dentro do Iraque”, acrescentaram.

As declarações surgem depois de o Pentágono ter anunciado que os militares norte-americanos retirados da Síria deveriam fixar-se no Iraque ocidental para lá “ajudarem a defender” a região e continuarem a sua luta contra o autoproclamado Estado Islâmico.

No entanto, o secretário da Defesa dos EUA veio esta terça-feira afirmar que Washington planeia trazer, finalmente, os militares norte-americanos que saíram da Síria de volta para casa.

“O objetivo não é que permaneçam interminavelmente no Iraque, o objetivo é retirá-los da Síria e eventualmente trazê-los para casa”, assegurou Mark Esper, que na quarta-feira vai reunir-se com o homólogo iraquiano para discutir uma data concreta.Na segunda-feira, mais de 100 veículos militares norte-americanos cruzaram a fronteira entre a Síria e o Iraque.

Os militares norte-americanos estão a abandonar a Síria depois de o Presidente norte-americano ter ordenado esta retirada. A decisão levou a Turquia a avançar com uma ofensiva contra os curdos no norte da Síria, o que já levou a milhares de pessoas deslocadas e centenas de mortos e feridos.

Para além dos cerca de mil militares que estão agora de passagem pelo Iraque, encontram-se atualmente nesse país cinco mil militares norte-americanos que ajudam a treinar as forças iraquianas e a combater o Daesh.

Quando, em dezembro de 2018, Donald Trump mencionou pela primeira vez uma eventual retirada dos militares norte-americanos do norte da Síria, o Presidente norte-americano voou até ao Iraque e comunicou às forças dos EUA lá destacadas que os Estados Unidos iriam utilizar o Iraque para controlar o Irão.

Esta declaração provocou controvérsia no Iraque, que considerou que os Estados Unidos não possuem a autoridade para utilizar essa estratégia nem para atiçar a tensão entre Iraque e Irão.
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