Irmã de Kim Jong-un aumenta tensões entre Coreias

A irmã mais nova do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, tem vindo a revelar-se uma figura importante no regime do país. Depois de ter insultado a "escória" da Coreia do Sul e rejeitado a tentativa de diálogo entre os dois países, já há quem pondere a possibilidade de Kim Yo Jong ser a sucessora do irmão.

RTP /
Jorge Silva - Reuters

Kim Yo Jong, a filha mais nova ex-líder norte-coreano Kim Jong-il, começou a surgir publicamente em 2018, após visitar a Coreia do Sul pela primeira vez desde a guerra entre as duas coreias - tornando-se assim o primeiro membro da família a pisar a região sul da Península.

Na altura, Kim Yo Jong acompanhava o irmão, Kim Jong-un, numa rota diplomática que visava os encontros com o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Segundo a imprensa da Coreia do Norte, Kim Yo Jong é um nome equacionado para substituir Kim Jong-un na liderança do regime.

Normalmente, Kim Yo Jong não aparece sozinha nem intervém politicamente sem ser acompanhada pelo irmão e líder do regime. Mas os acontecimentos dos últimos dias deram um destaque maior a esta figura na política norte-coreana, aumentando os rumores de que se estará a preparar para suceder Kim Jong-un, potenciando ao mesmo tempo as tensões com a Coreia do Sul.

Na última semana, algumas diretrizes, respostas e até ameaças de Pyongyang, vieram assinadas por Kim Yo Jong.

A Coreia do Norte fez explodir na terça-feira o escritório de ligação com a Coreia do Sul em Kaesong, uma cidade perto da fronteira, e divulgado imagens do sucedido como prova "da força do povo para obrigar a escória humana e quem lhes tem dado cobertura a pagar muito caro pelos seus crimes", referindo-se aos dissidentes norte-coreanos acolhidos pela Coreia do Sul que têm lançado propaganda anti-Pyongyang em balões por cima da fronteira.

Continuando os ataques ao sul, Yo Jong denominou-os ainda como "ralé que ousam ferir o prestígio absoluto de nosso Líder Supremo que representa o nosso país e sua grande dignidade".

O regime norte-coreano já tinha ameaçado demolir o edifício à medida que intensificava a retórica sobre o fracasso de Seul em impedir que ativistas usassem panfletos de propaganda através da fronteira.

No sábado passado, aliás, Kim Yo Jong alertou que Seul em breve testemunharia "uma cena trágica do inútil escritório de ligação Norte-Sul (na Coreia do Norte), sendo completamente destruído", deixando aos militares da Coreia do Norte o direito de dar o próximo passo de retaliação contra a Coreia do Sul.
Coreia do Norte insulta Jae-in
Ainda na mesma semana, a influente irmã do líder norte-coreano protagonizou um ataque verbal ao líder da Coreia do Sul. Kim Yo Jong tornou pública a oferta sul-coreana de enviar delegados a Pyongyang para estabelecer um diálogo e a posição da Coreia do Norte relativamente ao assunto. Yo Jong rejeitou a oferta veementemente, tendo ainda insultado de "nojento" o discurso que o presidente Moon Jae-in fez na segunda-feira, pedindo ao regime da Coreia do Norte que não destrua a aproximação entre os dois países.

Ainda atacando o Presidente do Sul, Kim Yo Jong acusou Moon Jae-in de "deixar-se apanhar no servilismo pró-EUA".

Mas para além dos insultos a Coreia do Norte anunciou esta semana que vai enviar tropas para a fronteira, ameaçando a reaproximação dos dois países, no início de 2018, que podia abrir caminho a cimeiras com o presidente dos EUA, pouco depois, e à declaração intercoreana de Panmunjom.

Os últimos atos de protagonismo de Yo Jong têm levado a mais rumores sobre o estado de saúde de Kim Jong-un e a possível sucessão da irmã no regime. Recorde-se, que sendo mulher não é legítimo, segundo os padrões norte-coreanos, ser a irmã a sucessora. No entanto, o silêncio de Kim Jong-un e a liderança recente de Kim Yo Jong fazem os analistas acreditar que poderão estar a preparar um processo de sucessão secreto e inédito.

As relações entre as Coreias começaram a ficar tensas desde o colapso de uma segunda cimeira entre o líder norte-coreano Kim Jong un e o presidente Donald Trump, no Vietname, no início de 2019.

Esta cimeira terá falhado devido a disputas sobre quantas sanções deveriam ser levantadas em troca do desmantelamento do principal complexo nuclear norte-coreano. Kim Jong-un prometeu, mais tarde, expandir o seu arsenal nuclear, introduzir uma nova arma estratégica e superar as sanções lançadas pelos EUA, que disse sufocarem' a economia do país.
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