O exército de Israel lançou esta sexta-feira um ataque contra a capital do Irão. Telavive diz terem sido visadas instalações nucleares e militares. Altas patentes iranianas foram eliminadas, incluindo a chefia da Guarda Revolucionária, a força de elite do Irão. O governo israelita fala numa campanha pela própria sobrevivência de Israel e que apenas está a começar.
Teerão foi hoje abalada por várias explosões, não sendo claro até ao momento qual o local atingido, embora o fumo estivesse a subir de Chitgar, um bairro no oeste de Teerão, onde não são conhecidas instalações nucleares.
Um oficial militar israelita afirmou que o país visou instalações nucleares iranianas. A mesma tese foi desenvolvida pelo ministro da Defesa, Israel, Israel Katz, que em comunicado avisou desde logo que, "na sequência do ataque preventivo do Estado de Israel contra o Irão, são esperados imediatamente ataques com mísseis e drones contra Israel e a sua população civil".
O comunicado acrescentou que Katz "assinou uma ordem especial declarando a situação de emergência na retaguarda. É essencial ouvir as instruções do comando e das autoridades da frente interna para permanecer em áreas protegidas".
Entretanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou já que o local de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do Irão, também foi atingido pelos ataques israelitas.
De acordo com informou avançada pela televisão estatal iraniana, Teerão suspendeu entretanto todos os voos no Aeroporto Internacional Imam Khomeini, o principal aeroporto do país, situado nos arredores da capital.
O Irão já tinha fechado o espaço aéreo no passado, antes de lançar ataques contra Israel durante a guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
O ataque ocorre numa altura em que as tensões atingem novos patamares devido aos avanços do programa nuclear de Teerão.
Na quinta-feira, o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica censurou o Irão, pela primeira vez em 20 anos, por não colaborar com os seus inspetores.
O Irão anunciou de imediato que iria estabelecer uma terceira unidade de enriquecimento de urânio no país e trocar algumas centrifugadoras por outras mais avançadas.
Os Estados Unidos já tinham retirado alguns diplomatas da capital do vizinho Iraque e ofereceram a retirada voluntária às famílias das tropas norte-americanas destacadas no Médio Oriente.
Trump disse anteriormente que pediu ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que adiasse qualquer ação, enquanto o Governo de Washington negociava com o Irão: "Enquanto eu achar que há uma [possibilidade de] acordo, não quero que eles entrem porque acho que isso arruinaria tudo", disse aos jornalistas.
Israel fala de "campanha histórica sem precedentes" contra Irão
O chefe do Estado-Maior do Exército de Israel diz que o país está a meio de "uma campanha histórica sem precedentes" contra o Irão: "Esta é uma operação crucial para evitar uma ameaça existencial de um inimigo que procura destruir-nos. Iniciámos esta operação porque chegou o momento: estamos num ponto sem retorno. Não podemos dar-nos ao luxo de esperar", disse Eyal Zamir, numa declaração em vídeo.
Além de alegados alvos e instalações militares, Israel também tem como alvo cientistas nucleares iranianos e altos funcionários iranianos.
A morte do comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irão, o general Hosein Salami, foi confirmada, de acordo com a agência de notícias estatal iraniana IRNA.
O primeiro-ministro israelita confirmou o ataque, classificando-o como uma operação para "contrariar a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel" e que "continuará durante os dias que forem necessários para a eliminar".
Num vídeo divulgado após o anúncio do bombardeamento do Irão, Benjamin Netanyahu afirmou que Israel atingiu "o núcleo do programa de enriquecimento nuclear do Irão".
"Hoje, os nossos soldados fortes e corajosos e o nosso povo estão unidos para nos defender contra aqueles que procuram a nossa destruição e, ao defender-nos, defendemos muitos outros e recuamos contra a tirania assassina", concluiu Netanyahu.
c/ Lusa