Israel emite aviso de evacuação para sul de Gaza à medida que inicia "extensas operações terrestres"
O exército israelita emitiu um aviso de evacuação para várias áreas no sul da Faixa de Gaza, antes de "um forte ataque" que anunciou na região. Israel anunciou este domingo que iniciou “extensas operações terrestres” no norte e sul de Gaza, depois de fontes de ambos os lados do conflito terem afirmado que não foram feitos progressos na nova ronda de negociações indiretas entre Israel e o Hamas.
A todos os residentes da Faixa de Gaza nas zonas de al-Qarara, município de al-Salqah, a sul de Deir al-Balah, e nos bairros de al-Jafarawi, al-Sawar, Abu Hadeb e al-Satr, este é um aviso final antes do ataque", escreveu um porta-voz do Exército israelita nas redes sociais.
O aviso de evacuação antecede um "forte ataque" em preparação naquelas áreas, de acordo com os militares israelitas.O Exército israelita anunciou este domingo o início de uma nova ofensiva aérea e terrestre no norte e sul de Gaza. Segundo Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, o Exército tem agora cinco divisões ativas na Faixa de Gaza.
"Estamos a entrar numa nova fase de combate. Durante esta operação, vamos aumentar e expandir o nosso controlo operacional na Faixa de Gaza, dissecando-a e, ao mesmo tempo, transferindo a população para um local seguro", assinalou em declarações ao jornal Times of Israel.
Encerrado último hospital em funcionamento em Gaza
As novas operações decorrem após uma intensa campanha militar realizada na semana passada, apelidada de “Operação Carruagens de Gedeã”, que envolveu ataques contra mais de 670 alvos do grupo islamita palestiniano Hamas em todo o território, segundo o Exército.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, até este domingo, pelo menos 464 palestinianos foram mortos. A este número acrescem as mortes de cerca de 130 palestinianos durante a noite.
"Famílias inteiras foram apagadas do registo civil pelo bombardeamento israelita (da noite para o dia)", disse Khalil Al-Deqran, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, à Reuters.
Para além disso, as forças israelitas sitiaram o hospital indonésio em Beit Lahiya, o último hospital que estava em funcionamento na Faixa de Gaza.
“Todos os hospitais públicos no norte da Faixa de Gaza estão fora de serviço”, anunciou o Ministério da Saúde palestiniano este domingo.
Negociações retomadas mas sem progressos
O anúncio da nova ofensiva israelita acontece depois de as negociações indiretas entre Israel e o Hamas terem sido retomadas no sábado em Doha, no Catar. Segundo fontes de ambos os lados, não foram feitos progressos nestas novas conversações.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse estar aberto a um acordo para interromper a ofensiva em curso, desde que implique a retirada do Hamas e a libertação dos reféns mantidos pelo grupo palestiniano.
"A equipa de negociação em Doha está a trabalhar para esgotar todas as possibilidades de um acordo", segundo o gabinete de Netanyahu, "quer dentro da estrutura do plano [proposto pelo enviado norte-americano Steve] Witkoff, quer dentro da estrutura do fim dos combates, que incluiria a libertação de todos os reféns, o exílio dos terroristas do Hamas e o desarmamento de Gaza".
O Hamas, por sua vez, disse que só aceitará um acordo que leve ao fim da guerra na Faixa de Gaza. "Estamos a negociar o fim da guerra, nada mais", declarou Basem Naim, membro do gabinete político do Hamas, à agência EFE.
Após uma trégua de dois meses, Israel retomou a sua ofensiva contra o Hamas a 18 de Março, alegando que quer "derrotar" o Hamas e obrigá-lo a libertar os restantes reféns. Desde então, ambos os lados acusam-se mutuamente de bloquear as negociações.
Para além disso, o Governo israelita proibiu a entrada de qualquer ajuda humanitária na Faixa de Gaza desde o início de março, o que levou a uma crescente preocupação internacional sobre a situação dos 2,3 milhões de residentes do enclave.
c/agências