Israel volta a atacar hospitais em Gaza após breve cessar-fogo

por Inês Moreira Santos - RTP
Hatem Khaled - Reuters

Depois de um breve cessar-fogo para garantir a libertação de um refém israelo-americano, as forças israelitas atacaram hospitais e zonas circundantes em Gaza, matando dezenas de pessoas. Já ao final do dia de terça-feira, Israel ordenou a evacuação de vários locais do norte da Faixa de Gaza, anunciando ataques iminentes depois de disparos de rockets a partir desta zona do território palestiniano.

Os ataques israelitas das últimas horas, que aconteceram após Benjamin Netanyahu ter anunciado que o Exército ia entrar “com força total” em Gaza, terão matado pelo menos 28 pessoas.

Após uma breve pausa nos confrontos israelo-palestinianos, para a libertação do refém Edan Alexander, de 21 anos, o Exército israelita voltou a lançar bombardeamentos, atingindo dois hospitais em Khan Younis. De acordo com as autoridades israelitas, estas infraestruturas albergavam “um centro de comando e controlo” do Hamas.

O alvo seria, segundo a imprensa local, Mohammed Sinwar, líder do movimento islamita palestiniano e irmão do anterior líder do grupo, Yahya Sinwar, morto em outubro numa operação militar israelita.
O Hamas, contudo, nega utilizar hospitais e propriedades civis para fins militares.
“Todos os que estavam no Hospital Europeu corriam com medo. Alguns de muletas, outros a gritar pelos filhos, enquanto outros eram arrastados em camas”, relatou Amro Tabash, fotojornalista local, à AFP.

Um outro ataque que atingiu o Hospital Nasser, em Gaza, tinha como alvo “terroristas significativos do Hamas”, entre eles o conhecido jornalista palestiniano Hassan Aslih – Israel acusou Aslih de participar nos ataques de 7 de outubro de 2023, tendo documentado e divulgado imagens de “raptos, incêndios criminosos e assassinatos” durante a incursão liderar pelo Hamas em Israel.Os militares israelitas ordenaram, na última noite, a evacuação de vários locais do norte da Faixa de Gaza, anunciando ataques iminentes depois de disparos de rockets a partir desta zona do território palestiniano.

“Este é um último aviso antes do ataque! [O Exército] vai atingir com toda a força a zona de onde foram disparados os rockets", escreveu em Árabe o porta-voz dos militares israelitas, nas redes sociais. “Para vossa segurança, devem ir imediatamente para os abrigos conhecidos na cidade de Gaza”.

O exército israelita já tinha anunciado que tinha intercetado dois ‘rockets’ disparados da Faixa de Gaza e que um terceiro tinha caído numa zona desabitada. Disparos raros depois de Israel ter retomado a ofensiva militar na Faixa de Gaza.

Por sua vez, o braço armado da Jihad Islâmica tinha confirmado que lançara rockets contra vários locais no sul de Israel, pouco depois de os militares israelitas terem anunciado a interceção de dois dos três disparados.
Netanyahu promete ofensiva com "força total"
A libertação do israelo-americano Edan Alexander permitiu uma breve pausa nos combates na segunda-feira. Mas os ataques foram retomados.

"Nos próximos dias, entraremos com força total para concluir a operação"
, disse Netanyahu num comunicado divulgado na terça-feira.

E na segunda-feira, o primeiro-ministro israelita já tinha dito que a operação militar em Gaza só seria considerada completa quando o Hamas fosse destruído.

"Não haverá nenhuma situação em que paremos a guerra", disse Netanyahu. "Um cessar-fogo temporário pode acontecer, mas iremos até o fim”.
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