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Israelitas arrasam casas palestinianas às portas de Jerusalém

por RTP
Residentes fogem das explosões provocadas pelas forças israelitas, na aldeia de Sur Baher, no extremo Leste de Jerusalém. Reuters - Mussa Qawasma

Mais de 350 palestinianos podem ter ficado desalojados na madrugada desta segunda-feira depois de as forças israelitas terem demolido dez edifícios de Sur Baher, nos subúrbios de Jerusalém. O Supremo Tribunal israelita determinou que se trata de “construções ilegais que constituem uma grave ameaça à segurança”.

Soldados israelitas, acompanhados por tratores e escavadoras, entraram na aldeia palestiniana de Sur Baher, no extremo leste de Jerusalém, cerca das 4h00 locais (1h00 em Lisboa). Começaram então a demolir edifícios inacabados junto à linha limítrofe da Cisjordânia, território governado pela Autoridade Palestiniana.

“Estão a deslocar, pela força, as pessoas das suas casas e começaram a plantar explosivos nas casas que querem ver destruídas”, afirmou o líder comunitário local Hamada Hamada.

Centenas de residentes acordaram em sobressalto. Ao raiar, mais de 350 de palestinianos, entre os quais muitas crianças, podem ter ficado sem um teto para dormir.

“Construí esta casa pedra a pedra. Era o meu sonho viver nela. Agora estou a perder tudo”, lamentou o palestiniano de 37 anos Tareqal-Wahash, enquanto um trator derrubava a sua habitação.

“Ouvimos estrondos muito fortes provenientes do edifício ao lado daquele em que estamos agora. Era uma grande escavadora mecânica a destruir parte do telhado de uma casa onde viviam duas famílias”, relatou um jornalista no local. “O pai de uma das famílias sentou-se na rua com uma cadeira a ver a sua casa ser destruída”.


De acordo com o Supremo Tribunal, os dez prédios de apartamentos, a maioria deles ainda em construção, estavam a ameaçar a segurança do território israelita. Já para os palestinianos esta pode ter sido apenas uma desculpa para os expulsar das imediações de Jerusalém.

Apesar de as casas terem sido construídas sob a jurisdição da Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmud Abbas, o Supremo Tribunal do Israel considerou que estes residentes violaram as regras relativas à construção de casas “perto da fronteira”.

Esta “construção ilegal constitui uma grave ameaça à segurança”, ressalvou o ministro israelita da Segurança Interna, Gilad Erdan.
“Crime contra a humanidade"
"A destruição da propriedade privada em território ocupado só é permissível quando for absolutamente necessária para operações militares, o que não é aplicável. Além disso, resulta em despejos forçados e contribui para o risco de transferência forçada de muitos palestinianos na Cisjordânia, incluindo a leste de Jerusalém", reagiram entretanto as Nações Unidas.

Apesar dos protestos e das críticas internacionais, os juízes do Supremo Tribunal concluíram que os prédios construídos nas proximidades da vedação podiam estar a “abrigar terroristas ou moradores ilegais da população civil e permitir que agentes terroristas trafiquem armas ou se infiltrem dentro do território israelita".

O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyeh, afirmou que "a continuação do deslocamento forçado do povo de Jerusalém das suas casas e terras é um crime de guerra e um crime contra a humanidade”.

“A continuação desta política [de demolição de casas] prejudica a viabilização da solução de dois Estados e a perspetiva de uma paz duradoura”,
lê-se num comunicado da União Europeia.
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