Jeff Bezos denuncia tentativa de extorsão e implica Trump

O presidente da Amazon revelou ter sido alvo de uma tentativa de “extorsão e chantagem” pelo editor do tablóide National Enquirer, uma publicação muito próxima de Donald Trump. Jeff Bezos conta que foi ameaçado de serem publicadas “fotos íntimas” suas, exceto se dissesse em público que os artigos publicados sobre ele no National Enquirer não têm motivações políticas. Confuso?

RTP /
Joshua Roberts - Reuters

Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo e presidente da empresa mais valiosa do mundo, anunciou, no início do ano, que ele e a mulher iam por termo ao casamento de 25 anos.

No mesmo dia, o jornal sensacionalista National Enquirer revelava que tinha andado a investigar o dono da Amazon ao longo de quatro meses e que este tinha uma relação amorosa com uma antiga apresentadora de televisão.

O casal foi seguido “através de cinco Estados e mais de 60 mil quilómetros", “em aviões privados, limusines espalhafatosas, viagens de helicóptero, jantares íntimos e 'tempo de qualidade' em ninhos de amor escondidos", escrevia o tablóide.

A publicação sugeria ter em sua posse mensagens de telemóvel trocadas entre o casal, bem como “selfies eróticas” e “mais imagens chocantes do casal”.

O artigo tinha como título: “A traição que acabou com o casamento dele” e, assim, a vida privada do homem mais rico do mundo ficou no centro das atenções.

Em consequência, Jeff Bezos pediu ao chefe de segurança, Gavin de Becker, um antigo consultor do presidente Ronald Reagan, para investigar até ao fim os motivos da publicação. De Becker disse à imprensa que a fuga tinha tido motivações políticas.
Motivações políticas
Jeff Bezos, que também é dono do The Washington Post, tem sido - juntamente com as suas empresas – objeto de ataques no Twitter por parte do presidente dos Estados Unidos.

No artigo em que denuncia a chantagem de que foi alvo, no blogue da página Medium.com, Jeff Bezos explica o contexto: “a minha posse do Washington Post torna as coisas mais complexas para mim. É inevitável que certas pessoas poderosas que são objeto da cobertura noticiosa do Washington Post concluam erroneamente que sou seu inimigo”.

“O Presidente Trump é uma dessas pessoas, o que é óbvio pelos seus muitos tweets. Além disso, a cobertura viva e incansável que o The Post fez do assassinato do seu colunista Jamal Khashoggi é sem dúvida pouco popular em certos círculos”, acrescentou.

No seu relato da chantagem, Jeff Bezos deu conta de que o dono da empresa detentora do National Enquirer, American Media Inc. (AMI), fez um acordo de imunidade num processo relacionado com o presidente Trump.

David Pecker e a empresa que detém também têm estado sob investigação por várias ações realizadas em nome do Governo saudita, acrescenta.

Bezos revela ainda que os investigadores federais e os meios de comunicação suspeitaram e provaram que David Pecker utilizou o National Enquirer e a AMI por motivos políticos, embora a empresa o rejeite.
Proposta
O dono da Amazon e do Washington Post revela que o mais recente desenvolvimento – e que o levou a denunciar o comportamento da publicação – foi um e-mail do representante legal da AMI enviado para o advogado do seu chefe de segurança. O objetivo era travar as investigações à forma como a publicação conseguiu fotos e mensagens íntimas de terceiros.

A AMI propôs que Bezos e Pecker divulgassem uma declaração “afirmando que não tinham conhecimento ou base para sugerir que a cobertura (da AMI/National Enquirer) era “politicamente motivada ou influenciada por forças políticas".

Em troca, a AMI disponibiliza-se "não publicar, distribuir, compartilhar, ordenar textos e fotos não publicados".

Jeff Bezos divulga os emails, no final do texto que publicou na noite de quinta-feira, e justifica: prefere publicar as mensagens de correio eletrónico que ele e a equipa receberam “do que capitular à extorsão e chantagem", apesar do "custo pessoal e do embaraço" associados.

"É claro que não quero ver publicadas fotos pessoais, mas também não participarei na sua conhecida prática de chantagem, favores políticos, ataques políticos e corrupção", escreveu Bezos. "Eu prefiro ficar de pé", conclui.

A Casa Branca e a AMI não responderam aos pedidos de comentários das agências e órgão de comunicação internacionais.
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