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João Rendeiro morreu na prisão na África do Sul

por RTP
Luís Miguel Fonseca - Lusa

A RTP confirmou a informação de que o ex-banqueiro morreu na prisão onde estava detido na África do Sul, em Westville.

As circunstâncias da morte ainda estão a ser apuradas. A advogada de João Rendeiro, June Marks, adianta à RTP que os responsáveis da prisão argumentam que se tratou de um suicídio, tendo Rendeiro sido encontrado enforcado.
A advogada de João Rendeiro foi chamada hoje para identificar o corpo do ex-presidente do BPP e vai iniciar os procedimentos da trasladação para Portugal.

O antigo banqueiro foi detido a 11 de dezembro do ano passado num hotel de luxo na África do Sul, depois de ter fugido de Portugal para não cumprir pena no processo BPP. Estava preso na África do Sul, na prisão de Westville, em Durban, uma prisão sobrelotada. Tinha pedido a mudança de estabelecimento prisional, mas não conseguiu.

Portugal pediu a extradição de João Rendeiro. Neste processo, o ex-responsável do Banco Privado Português opunha-se ao regresso a Portugal. Aguardava-se uma decisão sobre o processo de extradição para Portugal, cujo julgamento estava marcado para o período entre 12 e 30 de junho.
A morte de João Rendeiro ocorre uma semana antes da sessão preparatória do julgamento.

No próximo dia 20, a defesa de Rendeiro e os responsáveis do Ministério Público sul-africano (National Prosecuting Authority - NPA) iriam encontrar-se para acertar os últimos aspetos antes do julgamento, como a indicação de testemunhas.
MNE em contacto com autoridades sul-africanas
O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à RTP que tomou “conhecimento formal esta manhã da notícia do falecimento de João Rendeiro”.

“A rede diplomática e consular na África do Sul está a acompanhar a situação e em contacto com as autoridades sul-africanas, a procurar mais informações sobre o que tenha ocorrido”, refere o Ministério à RTP.

“Como em qualquer situação que envolve um cidadão nacional, será prestado o apoio habitual nestes casos”.

Penas de prisão em três processos
João Rendeiro foi condenado em Portugal a penas de prisão em três processos, num total de 19 anos de pena de prisão. A mais recente foi sentenciada em setembro deste ano.

O ex banqueiro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva por burla qualificada ao embaixador jubilidado Julio Mascarenhas.

A esta condenação soma-se uma outra pena de cinco anos e oito meses por falsidade informática e falsificação do documento.

Há ainda uma outra pena de pena de 10 anos de prisão efetiva pelos crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

Todas estas sentenças estão relacionadas com a gestão de João Rendeiro enquanto esteve à frente do Banco Privado Português.

Já depois do ex banqueiro estar preso na África do Sul, foi emitido um quarto mandado detenção.

Tem que ver com um processo ainda em investigação, relacionado com o descaminho de obras de arte.

Entre os arguidos deste processo está também a mulher do antigo presidente do BPP.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como processos relacionados com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

(em atualização)
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