Johnny Depp ganha o processo por difamação contra Amber Heard

Johnny Depp ganhou o processo civil de difamação contra a ex-mulher Amber Heard e arrecada 15 milhões de dólares. O júri considerou que Heard difamou o ex-marido num artigo do Washington Post de 2018 no qual ela escreveu sobre ser "uma figura pública" vítima de "violência doméstica". Os sete jurados também deliberaram por unanimidade que as alegações de Herd contra o ex-marido são falsas.

Carla Quirino - RTP /
Kevin Lamarque - Reuters

Gritos a chamar pela estrela de cinema "Johnny! Johnny!" ouviram-se em todas as direções nas ruas de Fairfax. Os fans, ao assistirem à transmissão do veredito nas redes sociais, juntaram-se na rua junto ao tribunal em explosões de alegria num apoio entusiástico ao ator de Piratas das Caraíbas.

O júri concedeu a Depp 10 milhões de dólares em danos compensatórios e 5 milhões em danos punitivos, num total de 15 milhões, cerca de 14 milhões de euros.

De todas as alegações que Heard fez contra Depp, o júri considerou  que eram "falsas" e transmitiam "uma implicação difamatória" para outras pessoas além de Depp.

O juri também decidiu que ficou provado que Heard agiu com "malícia intencional".

Foi também deliberado que Heard recebe 2 milhões de dólares em danos compensatórios e nada em danos punitivos. O juri considerou que Amber Heard tinha sido difamada, mas indiretamente, por meio do advogado de Depp, Adam Waldman.
Uma novela televisionada

A batalha milionária de quem difamou quem chegou ao fim. Foram seis semanas na sala de audiências do tribunal de Fairfax, no Estado norte americano de Virginia, onde os dois atores expuseram a vida privada do seu relacionamento amoroso de trás para a frente.

A transmissão televisiva inédita colocou o caso das estrelas de Hollywood nas plataformas de streeming e redes sociais e milhões assistiram em direto a tudo que foi escrutinado na vida do ex-casal.
Durante as seis semanas de julgamento, sempre que Johnny Depp saía do tribunal tinha milhares de fans à espera | Evelyn Hockstein - Reuters

Johnny Depp processou Amber Heard por difamação em 50 milhões de dólares.

Heard contra-atacou com um processo também por difamação, violência e abusos domésticos e subiu a parada para 100 milhões de dólares.

O processo foi desencadeado por uma crónica escrita por Heard em 2018 publicada no The Washington Post onde referia que tinha sofrido violência doméstica uns anos atrás.
Reação de Depp em comunicado
Depp, que não esteve presente na sala de audiências para a leitura do veredicto, mas assistiu por videoconferência, a partir do Reino Unido, lançou um comunicado nas redes sociais:

"Há seis anos, a minha vida, a vida dos meus filhos, a vida das pessoas mais próximas a mim e também a vida das pessoas que por muitos e muitos anos me apoiaram e acreditaram em mim mudaram para sempre".

"Tudo num piscar de olhos".

"Alegações falsas, muito sérias e criminais foram feitas contra mim através dos media, o que desencadeou uma enxurrada interminável de conteúdo odioso".

"E seis anos depois, o júri devolveu-me a vida", acrescentou. "Desde o início, o objetivo de trazer este caso a lume era revelar a verdade, independentemente do resultado".

"O melhor ainda está por vir e um novo capítulo finalmente começou".

"Veritas numquam perit", atirou: "A verdade nunca perece".

Breve linha de tempo
No ano de 2009, Heard e Depp conheceram-se e protagonizaram o filme The Rum Diary, produzido pelo ator. Três anos depois, começaram a namorar após Depp se separar da companheira de 14 anos, a atriz e cantora francesa Vanessa Paradis, mãe dos seus dois filhos.

Em 2014 ficaram noivos e em fevereiro do ano seguinte casaram na ilha particular de Depp, nas Bahamas. Durante julho de 2015, Heard é acusada de entrar na Austrália transportando dois cães de forma ilegal. Mais tarde, ela apareceu numa comunicação gravada em vídeo ao lado de Depp a pedir desculpas. Em maio de 2016, é noticiado que o casal se vai separar. Em janeiro de 2017, o divórcio é assinado e Depp acorda pagar a Heard 7 milhões de dólares.

"Nosso relacionamento foi intensamente apaixonado e às vezes volátil, mas sempre ligado pelo amor", disseram os atores em comunicado.
Alguns momentos do julgamento
Os detalhes da vida privada do ex-casal foram relatados e acrescentados com fotografias, vídeos, áudios, textos de correio eletrónico, mensagens de telemóvel e dezenas de testemunhas. As descrições de violência da história da vida real dos atores tornaram-se perturbadoras ao longo das seis semanas.

Amber Heard durante o julgamento | Brendan Smialowski/Pool via Reuters

A psicóloga clínica Laurel Anderson, ex-conselheira matrimonial de Heard e Depp foi chamada para depor pela equipa de Depp. Anderson descreveu um relacionamento volátil, com ambas as partes ameaçando sair das sessões sempre envoltos em discussões. Mas, na opinião da psicóloga, Heard era muitas vezes a instigadora desses conflitos.

Entre diversas análises de psicólogos, Heard foi descrita como pessoa com transtornos de personalidade.

Depp foi escrutinado diversas vezes pelo abusivo consumo de álcool, cocaína, analgésicos e marijuana.
"Ele desmaiava, ficava doente, perdia o controlo de si mesmo", disse Heard.

Depp rejeitou a descrição e foi revelado que a ex-mulher também bebia e às vezes usava drogas.

Depois foi conhecida a fase do "monstro". Heard disse ao tribunal que o 'Monstro' era o lado sombrio do ex-marido que surgia quando Depp estava bêbado ou drogado.

Sobre as alegações de Depp ter batido em Heard, o ator rejeitou: "nunca agredi a Sra. Heard dessa maneira, nem bati em nenhuma mulher na minha vida".

Até pelo contrário, Depp alegou foi ele que sofreu nas mãos de Heard, ela é que o tinha abusou e o rebaixado.

Depois, entre episódios de alegadas garrafas pelo ar e agressões sexuais, destacou-se um ferimento no dedo da mão direita de Depp. Enquanto um médico dizia que a descrição da garrafa atirada por Heard e embater na ponta do dedo de Depp era improvável, outro corroborava a versão do ator.

 Entre as mensagens telefónicas foi apresentada uma de 2013. Depp trocou mensagem com o ator britânico Paul Bettany onde escreveu: "Vamos queimá-la", referindo-se a Heard. "Vamos afogá-la antes de queimá-la", entre outras sugestões. Sentado a depor, o ator disse aos jurados que estava "envergonhado" com as mensagens e que eram uma tentativa de humor baseada nas metáforas de Monty Python.
Kate Moss a prestar testemunho em vídeoconferência | Evelyn Hockstein/Pool - Reuters

 E depois apareceu Moss. A modelo Kate Moss, que namorou Johnny Depp entre 1994 e 1998, testemunhou por videoconferência a partir de Gloucester, Inglaterra, na última semana de depoimentos.

Amber Heard tinha referido um boato de que Depp teria empurrado Moss escada abaixo numa viagem à Jamaica, mas Moss refutou o testemunho de Heard, explicando: "Houve uma tempestade. Ao sair do quarto, escorreguei na escada e magoei as minhas costas. Gritei, porque não sabia o que tinha acontecido comigo e estava com dores" e Depp "voltou para trás a correr para me ajudar e levou-me para o quarto e prestou-me cuidados médicos".

"Ele nunca me empurrou, nunca me chutou ou me atirou escada abaixo", acrescentou.


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