Jorge Sampaio. Ramos-Horta recorda "grande defensor da causa timorense" e "extraordinário ser humano"

O ex-Presidente de Timor-Leste José Ramos-Horta considerou hoje que Jorge Sampaio foi "o grande defensor da causa timorense" e recordou o "extraordinário ser humano" que se emocionava com o sofrimento de outros povos.

Lusa /

Em declarações à agência Lusa, Ramos-Horta referiu-se ao ex-Presidente português, que hoje morreu em Lisboa, como uma figura "arauto de causas nobres, de causas justas em todo o mundo, em particular em Timor-Leste", porque foi "o grande defensor da causa timorense".

"Devemos-lhe muito, e eu pessoalmente, que o conheço como poucos timorenses, sinto pessoalmente a perda de Jorge Sampaio", disse, recordando o ex-chefe de Estado, além de figura pública e estadista, como "um extraordinário ser humano, um coração bondoso, uma alma muito sensível, que se emociona com o sofrimento de outros seres humanos e de outros povos".

O ex-Presidente timorense lembrou que conheceu Jorge Sampaio na década de 1980 e que esteve com ele em "inúmeras ocasiões", de Lisboa a Nova Iorque, mas recordou particularmente quando o ex-chefe de Estado português esteve presente na entrega do seu prémio Nobel da Paz, que recebeu em conjunto com bispo Ximenes Belo, em 1996.

"Eu lembro dos políticos, dos líderes, sobretudo pelas suas qualidades humanas, não tanto por ser grande político, de sucesso ou insucesso e Jorge Sampaio lembro sobretudo por isso, era uma extraordinária pessoa, de grande coração, de grande alma", reforçou.

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.

Antes do 25 de Abril de 1974, foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.

Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).

Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.

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