Jornalíssimo

por João Fernando Ramos, Rui Sá

Robôs que permitem a pessoas paraplégicas, ou com mobilidade reduzida, voltar a andar e o impacto das viagens espaciais no corpo humano são temas do Jornalíssimo desta semana.
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Chamam-se exosqueletos e podem mudar a vida de muita gente. Com robôs que se vestem sobre a roupa, a Hyundai quer dar mobilidade a paraplégicos e não só.

No 'Consumer Eletronic Show', que acontece todos os anos em Las Vegas e é uma montra do que está a ser feito a nível mundial no campo da eletrónica, a Hyundai surpreendeu os visitantes ao não apresentar carros, mas sim "exosqueletos" que podem auxiliar humanos na sua vida quotidiana.

O exosqueleto, como aprendemos nas aulas de biologia, é o que os caranguejos, por exemplo, têm. Um esqueleto externo que lhes cobre e sustenta o corpo, como uma armadura.

A Hyundai apresentou três protótipos de exosqueletos para humanos, que se podem enfiar sobre a roupa e alinham o seu movimento com o do utilizador, facilitando-lhe os movimentos.

Um deles, o H-MEX (Hyundai Medical EXoskeleton) pode vir a revolucionar a capacidade de mobilidade de paraplégicos.

A estrutura ajusta-se ao corpo de cada um na zona lombar, na parte superior das pernas, nos joelhos e nos pés e ajuda a pessoa a sentar-se, levantar-se, ficar de pé, andar e até subir ou descer escadas. Para isso, o próprio exosqueleto tem articulações artificiais que acompanham as corporais.

Além disso, a estrutura externa (que funciona graças a baterias removíveis e recarregáveis) tem um dispositivo inteligente que permite calcular fatores como o ritmo de andamento, o comprimento da passada e o ângulo de inclinação do tronco do utilizador, de modo a proporcionar-lhe conforto na deslocação.

Com a ajuda do H-MEX, que não dispensa o uso de canadianas, os paraplégicos conseguirão atingir uma velocidade que pode parecer pequena apenas a quem não tem dificuldades de locomoção: 2,5 quilómetros por hora.

Funcionamento parecido ao do H-MEX tem, também, o HUMA (Hyundai Universal Medical Assist), outro dos exosqueletos apresentados. Este destina-se a ajudar pessoas com mobilidade reduzida.

Vestindo este robô, pessoas com uma força muscular limitada contam com um apoio de mobilidade, que lhes permite deslocarem-se sem grande esforço. Sendo que o utilizador tem à sua disposição um comando que lhe permite ajustar o nível de apoio pretendido de acordo com o que vão fazer - andar, correr, levantar, subir escadas.

A Hyundai desenvolveu ainda outro protótipo, o H-WEX (Hyundai Waist Exoskeleton) que, ao contrário dos outros dois, não funciona como uma solução para lesões na coluna. Pretende evitá-las.

Centrado portanto na prevenção, o H-WEX auxilia trabalhadores manuais que tenham necessidade de levantar grandes cargas no exercício da sua profissão.

Com esta estrutura, que apoia a parte superior das pernas e a coluna, conseguem-se levantar cargas de cerca de 50 quilos sem provocar lesões no organismo.

Os três exosqueletos têm a vantagem de ser leves e de se transportarem e usaram facilmente. A Hyundai não revelou, ainda, a data em que pensa colocá-los no mercado nem o preço.

No Jornalíssimo desta semana tempo ainda para os resultados preliminares de uma investigação da NASA com dois gémeos astronautas (Scott e Mark Kelly) . Um foi um ano para o espaço, outro ficou em terra. O estudo pretende conhecer o impacto que uma estadia prolongada no Espaço tem no corpo humano.

Houve alterações que foram conhecidas logo no regresso de Scott da ISS, há cerca de um ano, já que eram facilmente visíveis. Ao chegar, Scott estava mais alto 3,81 centímetros do que o irmão que não tirou os pés do chão. Mas não vale a pena pensares em ser astronauta para ganhar uns centímetros: a gravidade devolveu a Scott a medida que tinha antes de partir.

Se a altura é um dado de fácil análise, o mesmo não se pode dizer das restantes variáveis desta experiência, a primeira da NASA a integrar técnicas de biologia molecular, que permitem ir além no conhecimento das consequências já conhecidas de um ambiente de microgravidade para o corpo humano (a perda de massa muscular e de densidade óssea por exemplo).

Os investigadores vão precisar ainda de alguns anos para analisarem toda a informação e amostras (de sangue e de outros indicadores biológicos) que recolheram.

No entanto, foram divulgados há dias alguns resultados preliminares. E transmitem já uma certeza: os gémeos não são tão iguais quanto eram antes da partida de Scott para o Espaço.

Uma das diferenças prende-se com os telómeros (as extremidades dos cromossomas), associados à longevidade - os telómeros tendem a ser mais curtos à medida que envelhecemos. Os de Scott cresceram durante a sua permanência no Espaço, tornando-se mais compridos do que os do irmão. Embora, depois de regressar, tenham retomado os níveis anteriores à partida.

Susan Bailey, uma das cientistas envolvidas no estudo, mostrou-se surpreendida com a descoberta: "Isto é exatamente o oposto do que pensávamos", observou e disse que mais estudos vão ser feitos para perceber o porquê deste efeito.

A diminuição dos telómeros que se pensava ocorrer nos astronautas era um ponto importante, pois uma aceleração da sua erosão poderia traduzir-se em problemas de saúde durante missões prolongadas.

Os investigadores notaram também mudanças na expressão genética dos gémeos, mas sobre este ponto também ainda não estão em condições de explicar bem o seu significado, o que nos aguça ainda mais a curiosidade sobre os resultados deste estudo inédito.

Os dados poderão ser preciosos para manter os astronautas saudáveis em missões longas. E a NASA está a pensar numa específica: o envio de pessoas para Marte.
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