Jornalíssimo

por João Fernando Ramos, Rui Sá

A nova arma da força aérea francesa contra os drones indesejados é um dos temas do Jornalíssimo desta semana que se debruça também sobre o contra-ataque norte americano nesta matéria. Os investigadores criaram o avião de papel mais avançado do mundo com capacidade para se tornar num drone sem motor e uma precisão milimétrica nas aterragens que podem ser programadas por gps.
Joana Fillol dá ainda nota de que a maioria dos jovens que respondeu ao inquérito lançado a semana passada se mostrou a favor da legalização da eutanásia.
Para esta semana o desafio deixado em www.jornalissimo.com quer saber o que pensam os mais novos da adoção de "quadros de honra" nas escolas.

As águias-reais são a nova arma da Força Aérea francesa contra drones indesejados

Batizadas com nome de mosqueteiros, as aves são treinadas para identificarem drones como presas.

Os drones podem representar um sério perigo quando sobrevoam lugares como aeroportos ou centrais nucleares. Preocupadas com esta nova ameaça, as autoridades têm vindo a desenvolver formas de a combater.

A Força Aérea francesa recrutou no verão passado quatro "militares" de peso para ajudarem a combater esta nova ameaça. Não estamos a falar de humanos, mas sim de animais. De aves de rapina, mais propriamente.

Batizadas com o nome dos heróis do romance de Alexandre Dumas "Os Três Mosqueteiros", D'Artagnan, Aramis, Athos e Porthos são águias-reais que estão em formação na base aérea de Mont-de-Marsan, em Les Landes, no sudoeste de França.

Uma equipa especializada de militares está a trabalhar com as aves desde que nasceram para lhes ensinarem a ser excelentes caçadoras de drones.

Para que identifiquem os pequenos aparelhos voadores como presas, estas águias-reais foram alimentadas desde pequenas em carcaças de drones.

Desta forma, as aves de porte imponente (têm cerca de dois metros de largura) associam os pequenos objetos voadores - drones até quatro quilos - a alimento e caçam-nos.

Com uma visão apurada, D'Artagnan, Aramis, Athos e Porthos são capazes de avistar o alvo a dois quilómetros de distância. Depois, lançam-se em voos de 90 quilómetros por hora para intercetarem e destruírem os drones.

Os resultados estão a ser animadores e, por isso, mais quatro aves de rapina vão juntar-se à equipa militar alada antes do Verão.

O próximo passo será testar a capacidade de intervenção destas águias fora da base aérea, em grandes eventos culturais e desportivos, por exemplo. Só então se poderá saber se elas têm o mesmo desempenho satisfatório que estão a ter na base perante uma multidão.

Além dos treinadores, há uma equipa de militares responsável pela manutenção dos drones usados nos treinos e pelo desenvolvimento de proteções para evitar que as aves se magoem no momento da captura dos drones.

Como podes ver no vídeo abaixo, as águias atacam equipadas com uma espécie de capacete e proteção nas patas.

D'Artagnan, Aramis, Athos e Porthos são apenas parte de um dispositivo mais abrangente da Força Aérea francesa, que inclui tecnologias como a radiofrequência.

A França não é pioneira nesta forma de atuação. Em 2015, as forças de segurança holandesa surpreenderam ao treinar aves de rapina com este fim.


EUA desenvolve drones descartáveis em papel


O projeto ICARUS (a sigla, em inglês, para Sistemas controlados não recuperáveis e lançáveis ao ar em sentido único), de uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a DARPA, procurava uma solução às alternativas já existentes, que superasse as limitações atrás elencadas.

O grupo de investigação em engenharia aerodinâmica do 'Otherlab', de São Francisco (E.U.A.), apresentou uma solução que mostra como muitas vezes o mais simples pode ser o melhor.

O grupo criou um avião de papel (de papelão, para sermos mais precisos) com um desenho aerodinâmico que não tem motor nem qualquer tipo de sistema de propulsão integrado.

É um planador, mas dispõe de soluções eletrónicas (como GPS) que permitem controlar o voo e levar os bens até ao local desejado. Daí ser mais do que um avião de papel. É, de certo modo, um drone. Mas um drone de baixo custo e, em parte, biodegradável.

Os veículos batizados de APSARA ('Aerial Platform Supporting Autonomous Resupply Actions') apresentam, ainda, outras vantagens: podem ser fornecidos dobrados e montam-se facilmente em alguns minutos, como um móvel do IKEA.

A ideia é ser possível levar bens como medicamentos a zonas isoladas.

Os veículos atualmente disponíveis têm um custo elevado, tornando necessária a sua recuperação. Por outro lado, quando se trata de veículos que têm possibilidade de retorno autónomo, são necessárias baterias que diminuem o espaço disponível para a carga. Há, ainda, outro contra: são veículos muito caros para serem produzidos em massa.

Para serem lançados, estes novos drones descartáveis precisam de ser transportados por um avião a uma altura considerável. Em compensação, numa só viagem, podem ser lançados centenas de drones como estes, com as respetivas cargas, e de modo a que cheguem aos locais pretendidos, que podem distar entre si várias centenas de quilómetros.

Para já, os APSARA são apenas protótipos, mas tudo leva a crer que não demore muito tempo até que voem. Entretanto, a investigação no Otherlab prossegue, nomeadamente para conseguir que não só o cartão, como as componentes eletrónicas destes aparelhos sejam biodegradáveis, garantindo que nem prejudicam o ambiente, nem são reutilizados com uma finalidade diferente daquela para que foram concebidos.
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