Jornalista da rádio Eclésia continua detido no Namibe
Luanda, 24 Dez (Lusa) - Armando Chikoca, jornalista angolano da Rádio Eclesia, continua preso no Namibe, sul de Angola, depois de ter sido detido pela polícia, no sábado, quando cobria uma situação de confrontos entre agentes policiais e vendedores de um mercado.
Já hoje, o bispo da Diocese de Caxito, António Jaka, expressou aos microfones da Eclésia a solidariedade para com Chikoca e pediu a sua libertação imediata.
"Estamos em época de Natal e nada melhor que apelar a uma certa ponderação das autoridades", disse o prelado, recordando que a Constituição garante a liberdade de imprensa.
Entretanto, a Rádio Eclésia emitiu, também hoje, um comunicado da responsabilidade da sua direcção em que pede ao comando-geral da Polícia Nacional e ao Ministério do Interior que explique as razões da detenção do seu correspondente no Namibe.
A emissora católica recorda no comunicado que é dever seu informar sobre o que se passa no país, nomeadamente a denominada "Operação Tango", cujo objectivo é colocar ordem nos mercados do país e que teve início em Luanda, estando agora a decorrer nas restantes províncias angolanas.
Foi numa operação integrada na "Tango" que Chikoca foi detido pela polícia.
"Sendo a liberdade de imprensa um dos direitos consagrados na Lei Constitucional de Angola e na lei de imprensa, manifestamos o nosso desagrado", pela detenção de Chikoca adianta a nota da direcção da Rádio Eclésia, que pede também que lhe seja fornecido "o real motivo da detenção e agressão" do seu correspondente no Namibe,
Segundo relatos de familiares, Armando Chikoca está doente, a precisar de cuidados médicos, e as condições em que se encontra detido são "degradantes".
No seu relato para a Eclésia, o jornalista chegou a dizer que os efectivos da polícia envolvidos na acção fizeram disparos para dispersar os vendedores e estes arremessaram pedras contra os agentes, resultando dos distúrbios três feridos.
Numa reacção a este episódio, a secretária geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Luísa Rogério, condenou o acto, referindo que contraria os postulados da liberdade de expressão, de informação e viola os direitos humanos.
"Isto constitui uma grave violação dos direitos dos cidadãos à informação, pelo que estamos a fazer tudo no sentido de apurar o que realmente se passou, numa altura em que as autoridades angolanas se dizem empenhadas na defesa dos direitos humanos", salientou Luísa Rogério.
A 15 de Novembro, um outro jornalista angolano, José Lelo, foi preso por militares na província de Cabinda por alegadamente fomentar a rebelião armada no enclave, encontrando-se até agora detido numa cadeia de Luanda.
Lelo, segundo o seu advogado, Eusébio Rangel, está fisicamente debilitado com malária.
Sobre os dois jornalistas detidos não existem, até agora, indicações sobre uma eventual data para a sua libertação ou ida a julgamento.
RB.