Juiz de Eike Batista acusado de conduzir carro apreendido ao ex-bilionário brasileiro
O tribunal federal do Rio de Janeiro abriu um inquérito interno à conduta do juiz que preside ao julgamento de Eike Batista depois de os seus advogados terem acusado o magistrado de conduzir um Porsche apreendido ao antigo bilionário.
O julgamento, que decorre no Rio de Janeiro, envolve acusações de fraude e abuso de informação privilegiada (`insider trading`) ao antigo bilionário Eike Batista, que recentemente declarou insolvência, e tem sido apresentado como um caso exemplar das ligações entre o poder político e as empresas estatais, e está a dominar as atenções dos meios de comunicação social brasileiros.
De acordo com um comunicado emitido pelo tribunal e citado na edição de hoje do Financial Times, o juiz está a ser investigado "por causa do alegado abuso de bens apreendidos ao empresário Eike Batista".
Eike era um antigo campeão de barcos de corrida, o homem mais rico do Brasil, e foi casado com uma rainha do Carnaval até o seu império de empresas ligadas ao petróleo e gás, a OGX, ter colapsado perante uma dívida monumental, que ele não foi capaz de pagar.
A acusação do Estado alega que o empresário usou a sua conta do twitter para fazer subir o valor de mercado das suas empresas enquanto vendia as suas próprias acções, e acusa-o também de dois delitos de `insider trading` e manipulação de mercado, conspiração criminal, e interferência nas investigações, que o empresário nega.
O juiz Flávio Roberto de Souza congelou os bens de Eike Batista e da sua família mais próxima, incluindo a ex-mulher e a sua namorada, e confiscou alguns símbolos do seu poder, como um Porsche, um Lamborghini e vários outros carros, para além de um iate de luxo e motas de água.
O juiz tinha ordenado que os carros fossem leiloados na quinta-feira, mas estas iniciativas foram subitamente canceladas pelo tribunal na terça-feira em resposta a um pedido dos advogados de Batista, na sequência de várias videos e fotografias divulgados na imprensa que mostram os carros estacionados no parque de estacionamento do prédio do juiz.
"Como queria que o carro permanecesse em boas condições, levei-o para um parque de estacionamento coberto [no prédio]. Não o levei para o usar, mas sim para o guardar", disse o juiz em declarações citadas na imprensa brasileira.
Na terça-feira à tarde, a namorada de Batista, Flávia Sampaio, colocou uma foto na rede social Instagram alegadamente mostrando um Range Rover do filho do milionário, que também estava estacionado na garagem do juiz, com a seguinte legenda: "Obrigada senhor juiz por tomar tão bem conta do carro".