Juiz do Lava Jato aceita convite de Bolsonaro para ministro da Justiça

por Lusa
Rodolfo Buhrer, Reuters

O juiz brasileiro Sergio Moro, responsável pelo processo Lava Jato, que levou à condenação do antigo Presidente Lula da Silva por corrupção, aceitou esta quinta-feira ser ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro.

Moro deslocou-se ao Rio de Janeiro, onde se reuniu durante cerca de una hora e meia com o recém-eleito Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que já tinha revelado interesse em nomear o juiz como ministro de Justiça ou membro do Supremo Tribunal Federal do Brasil quando abrisse vaga.

Luís Baila - Correspondente da RTP no Brasil

"No final de uma reunião em que discutimos as políticas (a serem criadas) no ministério, aceitei o convite", disse em comunicado o juiz.

Antes do encontro com Bolsonaro, Moro afirmou que o Brasil precisa de uma "agenda anticorrupção", além de ter considerado "surpreendente" que o critiquem por conversar com "um Presidente que foi eleito por 50 milhões de pessoas".

Moro chegou ao Rio de Janeiro hoje de manhã, procedente de Curitiba, cidade do estado brasileiro do Paraná, onde dirigiu as investigações, em primeira instância, da "Lava Jato", que revelou desvios milionários que, durante uma década, envolveu a empresa estatal Petrobras.No âmbito da operação "Lava Jato" foram presos importantes políticos e empresários, entre os quais Lula da Silva, condenado por corrupção e que se encontra a cumprir pena de 12 anos de prisão em Curitiba.

Bolsonaro, capitão do Exército na reserva ganhou as eleições presidenciais do passado domingo, com 55% dos votos, enquanto Fernando Haddad, indicado por Lula, teve 44%.

Após a segunda volta das eleições, Moro felicitou Bolsonaro e desejou "um bom Governo", destacando a importância de realizar "reformas para recuperar a economia e a integridade da administração pública".

O nome de Moro tem sido avançado pela comunicação social brasileira para integrar o próximo Governo do Brasil, mas o magistrado judicial negou sempre a possibilidade de entrar na política.Moro quer impedir retrocesso no combate à corrupção
Sérgio Moro afirmou ter aceitado o convite do Presidente eleito do Brasil para o cargo de ministro da Justiça para afastar o risco de retrocesso no combate à corrupção no país.

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito (Jair Bolsonaro) para ser nomeado ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite", disse em comunicado o juiz do processo Lava Jato, que levou à prisão do ex-Presidente Lula da Silva.

"A perspetiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito pela Constituição, pela lei e pelos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior", acentuou Moro.

O próximo ministro da Justiça brasileiro é responsável por sentenças de condenação de grandes empresários, ex-funcionários da Petrobras.

No texto, Sérgio Moro acrescentou que "para evitar controvérsias desnecessárias", decidiu afastar-se de "novas audiências" e informou ainda que na próxima semana concederá uma entrevista à imprensa local para explicar melhor a decisão.

Sergio Moro ficou amplamente conhecido no Brasil por julgar os casos da operação Lava Jato, uma investigação policial que desvendou dezenas de esquemas de corrupção na petrolífera estatal Petrobras e em outros órgãos públicos do país.

Foi também responsável pela condenação, em primeira instância, do antigo Presidente Luís Inácio Lula da Silva num caso relacionado a propriedade de um apartamento de luxo na costa do estado de São Paulo.

C/Lusa

 

 

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