Juízes de São Tomé e Píncipe interrogam deputados em processo desvio de fundos

Cinco dos nove deputados do parlamento de São Tomé e Príncipe, suspeitos envolvimento num processo de desvio de fundos e falsificação de moeda, começaram hoje a ser ouvidos por uma instância judicial na capital do arquipélago.

Agência LUSA /

Depois de quase três horas perante um colectivo de juízes do ministério público são-tomense, o deputado Basílio Diogo admitiu ligações ao escândalo financeiro do Gabinete de Gestão da Ajuda (GGA), um fundo governamental que gere a ajuda externa do arquipélago.

Em declarações aos jornalistas, Basílio Diogo, que exerce também as funções do director das Inspecções Económicas do Ministério do Comércio, disse ter recebido "algum avanço do GGA" em benefício próprio, mas a título de empréstimo.

"O director do GGA advertiu-me a repor o dinheiro na altura (...), só que por razões financeiras, isso não foi feito", disse Basílio Diogo, a propósito do escândalo que esteve na origem da demissão do governo de Maria das Neves, há pouco mais de um mês.

Depois de Basílio Diogo, do Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM), foi a vez do deputado Isidro Machado, do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP- PSD, suspeito de pertencer a uma alegada rede de falsificação de moeda.

à saída da audiência, Isidro Machado exibiu um documento fechado limitando-se a sublinhar: "Provei a minha inocência".

Ainda no âmbito do processo de falsificação de moedas, o colectivo de juízes ouviu também os deputados Adelino Neto, Amândio Pinheiro, (MDFM) e Delfim Neves Partido da Convergência Democrática (PCD).

O grupo dos nove deputados aos quais a Assembleia Nacional retirou a imunidade parlamentar para serem ouvidos pelo colectivo de juízes, inclui ainda dois antigos primeiros-ministros - Guilherme Posser da Costa ( 1999-2001) e Maria das Neves (2002-2004) os dois do MLSTP-PSD e ambos suspeitos de envolvimento no escândalo financeiro do GGA.

Suspeito no mesmo processo e também ainda por ouvir está o deputado Arzemiro dos Prazeres, antigo ministro do Comércio do PCD.

A lista de deputados "a braços" com a Justiça inclui ainda Augusto Lima (MDFM) por alegada falsificação de passaporte diplomático.

O ex-director do GGA Diógenes Moniz encontra há quase um mês em prisão preventiva no âmbito do processo-crime relativo ao escândalo financeiro do fundo, resultante da venda de produtos alimentares doados pela comunidade internacional.

Denunciado há quatro meses, o caso de alegada rede de falsificação de moeda já levou mais de 30 suspeitos a comparecer perante o tribunal, que decretou a prisão preventiva de pelo menos uma dezena.


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