Kaja Kallas sobre futuro da Ucrânia: Rússia não pode ser premiada

A Chefe da Diplomacia da União Europeia avisa que a Rússia não pode ser premiada num Acordo de Paz com a Ucrânia. Se isso acontecer, segundo Kaja Kallas, há o risco de Moscovo avançar com mais ataques.

RTP /
Yves Herman - Reuters

Numa intervenção no Fórum de Doha, no Qatar, Kaja Kallas disse que a Europa tem uma voz e um papel a cumprir na resolução do conflito com a Ucrânia.

A Chefe da Diplomacia da União Europeia defendeu o enfraquecimento da economia russa para forçar Moscovo a parar com a agressão militar.


"Se queremos ter uma paz sustentável, uma paz duradoura, devemos garantir que as concessões são feitas pelo agressor, que a agressão não compensa e que não é recompensada", disse a chefe da diplomacia europeia, que acredita que "se a agressão for recompensada, iremos ver isto repetir-se".

Kallas relembrou que as guerras também acabam "quando o agressor fica sem dinheiro" para continuar e, por isso, apelou à "influência económica" da Europa na economia russa.
A responsável da diplomacia europeia admitiu ainda que, apesar de tudo, os Estados Unidos continuam a ser o maior aliado da Europa.

"Os Estados Unidos continuam a ser o nosso maior aliado… nem sempre concordamos em todas as questões, mas o princípio geral permanece o mesmo. Somos os principais aliados e devemos permanecer unidos", disse a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, quando questionada sobre o documento durante a participação no Fórum de Doha, no Catar.

Declaração que surge na sequência da publicação da nova estratégia de segurança norte-americana, um documento que indica a Europa caminha para uma apagão civilizacional por ação dos emigrantes e dos líderes europeus. 

Segundo o mesmo, a política norte-americana deve ter como prioridade cultivar a resistência a esta trajetória dentro dos países europeus cujos governos são acusados de atropelar a democracia e a liberdade de expressão, calando a maioria dos europeus que querem a paz com a Rússia.

A Administração norte-americana, liderada pelo presidente Donald Trump, alertou na sexta-feira para o perigo de “extinção civilizacional” da Europa, caso se mantenham as “tendências atuais”, num documento estratégico sobre a segurança nacional dos Estados Unidos da América.

“Se as tendências atuais continuarem, o continente [Europa] vai ficar irreconhecível dentro de 20 anos ou menos”, lê-se no documento de 33 páginas, analisado pela agência de notícias francesa AFP, onde é ainda defendida a “restauração da supremacia” dos EUA na América Latina.

Trump, no prefácio, resume: "Pomos a América em primeiro lugar em tudo o que fazemos".

Kallas preferiu sublinhar que os Estados Unidos continuam a ser o maior aliado dos europeus e diz que não viu no que leu qualquer ameaça à Europa.
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