Legado de Santa Cruz "não é fardo de tristeza" mas "tocha de responsabilidade"

O Presidente timorense afirmou que o legado do massacre do cemitério de Santa Cruz, cujo 34.º aniversário é hoje assinalado, "não é um fardo de tristeza", mas uma "tocha de responsabilidade" e de oportunidades para os jovens.

Lusa /
Massacre no cemitério de Santa Cruz, em Timor-Leste, aconteceu a 12 de Novembro de 1991 Foto: RTP

"Agora, nesta mesma data, voltamo-nos da dor do passado para a promessa que vocês representam. Olhamos para vocês, a primeira geração nascida em liberdade, herdeiros desse imenso sacrifício. O legado de Santa Cruz não é um fardo de tristeza, mas uma tocha de responsabilidade e de oportunidade passada para as vossas mãos", disse José Ramos-Horta.

Na mensagem, também alusiva ao 20.º aniversário do Dia Nacional da Juventude timorense, o Presidente lembrou que a juventude de 1991 lutou com coragem pelo direito de os timorenses determinarem o seu destino.

"Vocês, a juventude de 2025, detêm agora o poder de o moldar. Com Timor-Leste como membro de pleno direito da ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático], o vosso palco alargou-se. O vosso campo de batalha já não é o do conflito, mas o da criação, da inovação e da competição regional", salientou o chefe de Estado.

"Sejam a geração que domina a tecnologia digital, que se torna fluente nas línguas da nossa região, que impulsiona o empreendedorismo, que ergue bem alto a bandeira de Timor-Leste como diplomatas, engenheiros, cientistas e artistas. A geração que valoriza a educação, rejeita o flagelo das drogas, recusa as vozes da divisão, erradica a má nutrição e posiciona a nossa nação como um farol de paz e de desenvolvimento sustentável", acrescentou.

O ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo, Agio Pereira, afirmou, também numa mensagem alusiva à ocasião, que o dia de hoje reconhece a "coragem, a resiliência e o entusiasmo dos jovens, bem como o seu potencial como agentes de mudança".

"Neste dia, prestamos tributo aos que lutaram com fé e coragem, recordando não apenas as vítimas do massacre, mas também o papel decisivo da juventude na consolidação e desenvolvimento nacional, bem como na defesa dos valores de liberdade, justiça e unidade que continuam a inspirar Timor-Leste", disse.

A 12 de novembro de 1991, mais de duas mil pessoas reuniram-se numa marcha até ao cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes, morto em outubro desse ano pelos elementos ligados às forças indonésias.

No cemitério, militares indonésios abriram fogo sobre a multidão.

Segundo números do comité 12 de novembro, 2.261 pessoas participaram na manifestação, 74 foram identificadas como tendo morrido no local e 127 morreram nos dias seguintes no hospital militar ou em resultado da perseguição das forças ocupantes.

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