Libertado principal detido do caso 01 de fevereiro na Guiné-Bissau

O principal arguido, Bubo Na Tchuto, da alegada tentativa de golpe de Estado, em 2022, na Guiné-Bissau, conhecida como "caso 01 de fevereiro", foi libertado depois de três anos em prisão preventiva, confirmou hoje o advogado.

Lusa /

Segundo o defensor, Marcelino Intupé, o contra-almirante foi libertado na segunda-feira e vai ficar a aguardar julgamento mediante a medida de coação mais leve, o Termo de Identidade e Residência (TIR).

Bubo Na Tchuto é a figura central do processo com mais de 50 detidos, entre militares e civis, e era o único que permanecia detido, mais de três anos depois da alegada tentativa de golpe de Estado em que morreram onze pessoas, segundo as autoridades guineenses.

O contra-almirante ainda está a aguardar julgamento no Tribunal Militar Superior, que já marcou e adiou por várias vezes o início da audiência, com nova data agendada para 17 de outubro.

Bubo esteve presente nas declarações à imprensa, mas apenas o advogado falou, explicando que o cliente "está livre, sujeito à obrigação de permanência no país" e que "se quiser sair tem que pedir autorização" às autoridades.

O advogado espera agora que, no julgamento, o contra-almirante seja absolvido, tendo em conta que os arguidos no mesmo processo e nas mesmas condições foram absolvidos.

"Foi acusado em conjunto com três elementos da Marinha, que têm uma patente mais baixa e foram julgados pelo tribunal regional de Bissau", apontou.

O processo de julgamento começou com mais de 50 arguidos, mas acabou por se dividir em dois, com aqueles que têm patentes militares mais altas, como é o caso do contra-almirante, a serem julgados em separado por um tribunal superior.

O processo que prosseguiu no Tribunal Militar Regional foi concluído em fevereiro de 2025 com a condenação de 14 militares a penas de prisão efetiva entre 12 e 29 anos.

Paralelamente, o tribunal mandou libertar vários arguidos, nomeadamente aqueles que não tinham acusação formada, e todos foram sendo libertados.

Bubo Na Tchuto foi o único que se manteve na prisão até esta segunda-feira.

O caso remonta a 01 de fevereiro de 2022, quando um grupo de homens armados entrou no Palácio do Governo, em Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

O episódio resultou na morte de onze pessoas e na detenção de mais de 50 suspeitos, entre militares e civis.

O contra-almirante Bubo Na Tchuto foi acusado pelo regime de liderar o grupo armado que teria como alvo o chefe de Estado guineense, enquanto alguns setores de Bissau classificaram o episódio como "uma intentona" usada como pretexto para criar uma força armada presidencial e fortalecer o poder de Sissoco Embaló.

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