Libertado um dos condenados pela homícidio do jornalista moçambicano Carlos Cardoso
Um dos autores do homicídio do jornalista moçambicano Carlos Cardoso, conhecido como "Anibalzinho" foi libertado na quarta-feira, depois de cumprir a pena a que foi condenado em 2003, disse hoje à Lusa fonte do Serviço Nacional Penitenciário (Sernap).
"Confirmamos que foi solto o cidadão Aníbal dos Santos Jr, após cumprir na totalidade a sua sentença", disse fonte do Sernap.
"Anibalzinho", como é conhecido, tinha sido condenado por orquestrar e ser o autor material do assassínio do jornalista de investigação moçambicano Carlos Cardoso, em novembro de 2000, num crime que chocou Moçambique e o mundo, ocorrido quando investigava fraudes bancárias no país.
O período da sua detenção - foi condenado a 24 anos de prisão em 2003, quando já estava detido - foi marcado por duas fugas do Estabelecimento de Penitenciário Especial de Máxima Segurança da Machava, a cerca de 15 quilómetros do centro da capital moçambicana, em 2002 e 2004, tendo chegado à África do Sul e ao Canadá, onde foi de novo preso e devolvido às autoridades de Moçambique.
Em 2006, Aníbal dos Santos Jr. tentou, sem êxito, evadir-se da cadeia tendo, numa das tentativas, serrado as grades da cela. Contabilizou três tentativas de fuga em apenas cinco meses.
Ainda neste processo, o Sernap confirmou em março deste ano a morte, ocorrida na prisão, de Nini Satar, outro dos condenados no mesmo caso, mas sem que fossem reveladas as causas da morte.
"O Serviço Nacional Penitenciário lamenta o sucedido e continua a acompanhar as diligências em curso com vista a apurar as circunstâncias da sua morte", referiu aquele órgão, na altura, em comunicado.
Nini Satar cumpria o remanescente de uma pena de prisão de 24 anos a que foi condenado em 2003 pelo homicídio do jornalista Carlos Cardoso.
A Justiça considerou que Nini Satar, um homem de negócios, e outros arguidos condenados, mataram Carlos Cardoso devido à investigação que o jornalista vinha fazendo sobre uma fraude bancária ao antigo Banco Comercial de Moçambique (BCM), à data considerado o maior rombo financeiro na história do país.
Satar havia saído da cadeia sob liberdade condicional em 2014, mas voltou à prisão em 2018, após ser repatriado da Tailândia, onde vivia, após violar o prazo que lhe tinha sido concedido pela Justiça moçambicana para sair do país em tratamento médico.
Voltou a ter problemas com a Justiça moçambicana quando o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo o pronunciou por seis crimes cometidos em 2016, nomeadamente duas tentativas de rapto, uso de armas proibidas, associação para delinquir, um roubo qualificado e rapto consumado.
A Justiça moçambicana suspeitava que Nini Satar era um dos responsáveis pela onda de raptos que atingiu Maputo entre 2011 e 2014, visando principalmente empresários ou familiares destes.