Líder checheno anuncia envio de filhos adolescentes para lutar na Ucrânia

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

Ramzan Kadyrov, aliado do presidente Putin, revelou esta segunda-feira que vai enviar três dos seus filhos adolescentes para a linha da frente na Ucrânia. Os filhos do líder checheno, de 14, 15 e 16 anos, deverão em breve juntar-se à forças russas.

"É hora de provarem a si mesmos o que valem numa guerra real, só posso saudar esse desejo", escreveu Kadyrov no Telegram, colocando um vídeo dos jovens a disparar mísseis num campo de tiro.

“Akhmat, Eli e Adam estão prontos para usarem as suas habilidades na zona da NWO. E eu não estou a brincar. Em breve irão para a linha de frente e estarão nas secções mais difíceis da linha de contacto".

O líder checheno adiantou ainda que os filhos "há muito" que estão em treino militar, preparando-se para integrar as forças russas na Ucrânia.

Segundo a informação disponível na sua página oficial na Internet, Kadyrov tem 14 filhos, embora a imprensa russa suspeite que possa ter mais.

"Sempre pensei que a principal missão de um pai é ensinar o que é piedade aos filhos e ensiná-los a defender a família, o seu povo e o seu país. Quem quer a paz, prepara-se para a guerra!", escreveu Kadyrov na mensagem.

A Rússia subscreveu, no início do século, um tratado da ONU destinado a impedir que jovens com menos de 18 anos participem diretamente em conflitos. Usar crianças menores de 15 anos é já considerado crime de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, mas Moscovo - tal como os Estados Unidos e muitos outros países - não reconhece o tribunal da Haia.

É de recordar que, já este fim de semana, Ramzan Kadyrov defendeu o recurso a "armas nucleares de baixa potência" por parte da Rússia com vista a reforçar os meios para a invasão da Ucrânia.

"Na minha opinião, medidas mais drásticas devem ser tomadas, incluindo a declaração de lei marcial nas áreas de fronteira e o uso de armas nucleares de baixa potência", disse Kadyrov, novamente na rede social Telegram, onde também condenou o "nepotismo" no seio do exército russo.

"Devemos realizar a 'operação militar especial' no sentido pleno do termo, em vez de nos limitarmos a brincar", ironizou.

Entretanto, esta segunda-feira, o Kremlin reagiu a este apelo, dizendo que o pedido de Kadyrov foi feito "por motivos emocionais".

"Em tempos difíceis, as emoções devem, no entanto, ser excluídas de qualquer avaliação. Preferimos fazer avaliações objetivas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que aproveitou para elogiar a "contribuição heróica" de Kadyrov na frente ucraniana.
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